sexta-feira, agosto 02, 2013

O Poema.

José Luís Ávila Herrera


Todos os poemas são amor.
Tempo etéreo cantado em cada sol nascente 
nos matizes lilases dos campos onde escrevo.

Todos os poemas são sorrisos.
Sem rimas, sem dor, na imperecível folha
solta no mais profundo e exaltado enlevo. 

Todos os poemas são medo.
Da linguagem dos corpos e das sílabas
que dominam as palavras gastas pelo tempo.

Todos os poemas são revolta.
No âmago sinergético do indecifrável poder
entre a questão e a razão. 

Mesmo que os poemas sejam antítese uns dos outros
ligam oceanos, voando num segundo,
na mais bela melodia sob o toque inquieto das almas 
valsando nas eternas noites da poesia.

Eu sou. Tu és.
O Poema. 

14 comentários:

Braulio Pereira disse...

olá

obrigado pelo carinho.

gostei de estar aqui saciando a minha sede.

vamos de mâos dadas.

beijos.

Sérgio Costa disse...

Mais um excelente Poema que me é dado ler de forma tão inspiratória.

A cadência quase musical de cada estrofe cria uma singularidade no seu todo.
Amo a sua Poesia. Parabéns e grato por mais este momento que oferece aos seus leitores.

Manuel Veiga disse...

uma melodia. em diversos tons - que apetece guardar. e recordar.

sempre.

beijo

cuotidiano disse...

O Poema (enquanto espero por ti)

I

Todos os dias ela traz as manhãs no seu regaço e dá-mas, como maçãs verdes por trincar, vestidas de orvalho. Toca-me com as pontas de pluma dos dedos dela - em prelúdio de mãos entrelaçadas - e, à distância, pede-me silêncio até que eu consiga ouvir apenas o meu coração e o dela a bater sincopadamente. Esse é o sinal de partida para o dia – sem ela mas apenas com e por ela.

(Depois, e apesar de ser um presente dela, desperdiço mais um dia, enclausurado na prisão do meu escritório, alegrando-me apenas e absurdamente quando, por momentos, lembro o seu límpido olhar de menina, puro de água nunca tocada - muito menos bebida. Depois – e antes de nova recaída nela - volto à luta, já que o trabalho não se faz sozinho, as batatas não se pagam sozinhas – de facto, a solidão é mesmo um privilégio humano… E o pior é que nem tenho um pássaro de olhar lírico – eventualmente poisado nos ramos de uma árvore que apenas sonha ser uma rosa -, nem sequer tenho uma porcaria de um quintal em frente, e a única gaiola que conheço é este escritório que, dia a dia, palavra a palavra, número a número, me asfixia a alma a cada expirar. Mas às rigorosas e implacáveis 18:00,00 TMG saio em liberdade condicional, apenas para ficar à espera do sinal dela, na estranha e secreta esperança de renascermos juntos.)

Ao entardecer ela embala o Sol, deitando-o depois nas correntes que empurram o Douro para o abraço do Atlântico onde, lenta e pacificamente, adormece, desaparecendo como um beijo de fogo que se extingue no horizonte. E esse é o sinal de partida para a noite – sem ela mas apenas com e por ela -, para mais uma noite em que eu acredito que ela virá libertar-me, resgatar-me deste estranho torpor de dias moribundos. E, enquanto espero, saboreio a imagem que dela construí, seu beijo, seu abraço, como se ela fora feita de todas as maçãs verdes nascidas do orvalho de todas as manhãs. E que eu quero desesperadamente trincar.

II

Graças a ela, todos os dias eu, qual Mouro distante, redescubro o Poema Essencial, aquele que não precisa de palavras - porque as transcende.

E quando hoje eu a vi, surgindo por de dentro de uma lágrima de espera que se quebrou no chão frio de minha casa, aí sim, eu soube, tive a certeza, que o Poema tinha nascido para ela, nela, sob a forma dela.

III

Hoje eu soube, aprendi, que ela é – apenas e só – ela. Despida de frase, palavra ou fonema. Ela é a Vida, ela é

O Poema.

Duarte disse...

LINDO!!!
Que bonito que seria!... Ver em cada rosto um sorriso, em cada boca uma palavra amiga, em cada verso uma mensagem de paz e amor.
Quero jogar nessa equipa!
Um abraço bem grande, y viva a amizade

vieira calado disse...

Olá, há tanto tempo que não a via!
Espero que tudo esteja bem consigo.
Beijinhos!

maresia_mar disse...

Lindo amiga, mil beijinhos

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

muito belo...

o Poema é tudo isso e muito mais....

um beijo

:)

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Vim conhecer a Menina Marota e descubro uma doce poetisa, decifrando o poema. Hei de voltar!
Beijo

Fá menor disse...

Todos os poemas são vida.

bjs

Mateus Medina disse...

Lindo!

É mesmo assim.

O poema abarca tudo, se contradiz, se contrapõe, abraça e beija, ama e odeia...

O poema é tudo. Somos todos.

bjos

Silenciosamente ouvindo... disse...

Um delicioso texto, menina marota.
Gostei imenso de o ler.
Também gostei da música.
Bj.
Irene Alves

Mar Arável disse...

Equilíbrio
na assimetria

neste ciclo de marés

Bj

Menina Marota disse...

Que dizer das vossas palavras?
Que me sensibilizam e me tornam mais feliz.

Regressar aos Blogues está a ser, efectivamente, inspirador.

E confesso que já tinha saudades de todos vós.

Um abraço