quarta-feira, janeiro 14, 2015

Palcos de vida…

Em maré de limpeza de vários ficheiros que considerei prescindíveis descobri um texto que escrevi num daqueles fóruns muito usuais na época e que tinha por aqui arquivado.
A data do texto remonta a 20 de Abril de 2004 e resolvi partilhá-lo.




Queiramos ou não estamos todos dentro deste palco.

Uns, naturalmente. Outros, mais teatrais: os que assumem diversas personagens e passeiam-se, camuflados na própria sombra, preferindo o anonimato dos papéis obscuros.

Todos dentro do mesmo palco, interpretando um papel que colhe de cada personagem aquilo que cada um gostaria de ser ou fazer fora do palco.

Há anos vi um filme que me marcou imenso. A envolvência do drama e dos personagens de “Les uns et les autres”, de Claude Lelouch em torno de um palco de recordações perpetua-se na minha memória e sinto algumas cenas dilatarem-me o coração.

Mas o palco de que vos falo não tem, sem sombra de dúvida, os personagens cativantes que aquele tinha. Antes pelo contrário.

Querendo parecer o que se não é, ou, o que se é, mas não o querendo admitir, toda a cena deste palco permite aos personagens interpretarem o papel que mais se adequa ao seu carácter e afins.

Palmas para todos eles…

Para os sensíveis. Para os lunáticos. Para os fanáticos. Para os poetas. Para os deputados. Para os excêntricos. Para os filósofos. Para os grandes mentirosos (mentir bem, é uma arte, que está na moda…). Para os alfaiates. Para os funcionários públicos. Para os independentes.

Palmas para os amorosos: os correspondidos e os que não são.  

Palmas para os carteiristas: que escondem a cara e esticam a mão.  

Para os orgulhosos: daquilo que são e do que não são.

Palmas ainda, para aqueles que não querendo grande relevância, se refugiam ao fundo do palco, tímida e tranquilamente, cedendo aos outros, as luzes, os beijos e as flores… e as palavras de circunstância.  

Ouvem-se risos, aplausos e, gritos, também.

Cai o pano.  Tranquilamente.

 Nota: O próximo acto seguirá dentro de alguns instantes. Ou, quem sabe, dentro de alguns anos.
  

quinta-feira, janeiro 01, 2015

Entrando em 2015...


Da janela da cozinha, olhando o mar e a Capela do Senhor da Pedra, que ao longe se avistam, com o fiel Sting deitado no parapeito mas sempre com os olhos postos em mim dou largas ao pensamento.
E faço mentalmente um balanço a todos os acontecimentos decorrentes de 2014.
Não da minha própria vida.  
Que essa é como as marés: vaza, enche; vaza, enche…
Dou comigo a pensar que, de ano para ano, a vida dos portugueses piorou substancialmente: a pobreza e a fome aumentaram; o desemprego continua drasticamente e muitas famílias voltaram para casa dos pais, por não conseguirem fazer face às despesas.
Direitos conquistados após anos de ditadura foram arrancados aos portugueses de uma forma ultrajante.  
O circo foi montado para fazer os portugueses ignorarem os verdadeiros motivos das afrontas a que foram submetidos ano após ano e das causas reais que levaram à miséria deste País.
Não quero ser pessimista. Antes pelo contrário. Quero estar preparada para toda e qualquer realidade que se abata ainda mais sobre os portugueses.
Não nos iludamos com as luzes dos foguetes pela passagem de mais um ano: nada vai melhorar.
Os próximos 3 anos que são de eleições (AR, PR e Autarquias Locais, por esta ordem) serão aproveitados para darem um “bodo” aos pobres e assim taparem o sol com a peneira, com mais embustes e atropelos à Lei. E com isso conseguirem cada vez mais poder e, já agora, fazerem “nascer” mais milionários, num País onde cada vez há mais pobreza.
É este o meu balanço do ano que terminou.
Da janela da cozinha, olhando o mar calmo, sinto que os próximos tempos vão ser tempestuosos como mar enfurecido…
Espero enganar-me!
(desligar a música de fundo para ouvir o vídeo, pf)

Apeteceu-me ouvir Beethoven saudando assim o Novo Ano.

E assim vos saúdo a todos.

Salvé...