Marc Chagall |
Quem de nós, não guarda uma paixão antiga no coração? Quem de nós, não guarda uma carta de amor amarelecida pelo tempo, lembrando paixões ardentes da nossa juventude?
Aquela paixão que um dia terminou, mas ficou guardada nos recônditos da memória, na esperança que um dia a lembremos?
Olhar os teus olhos, há tanto tempo na penumbra dos meus sonhos, foi abrir a porta de memórias obscuras no meu pensamento.
Vem muito longe a luz de madrugadas em que nos olhámos plenos de amor…e o adeus onde correram lágrimas, que decerto serenaram as tormentas do nosso coração…
“… Tinha que ser assim, assim aconteceu, mas consola-me a ideia, conhecendo-te bastante bem já que és mulher para não guardares ressentimentos graves, sobretudo se compreenderes que todo o Ser Humano é bom, por Natureza, apenas não descobre em si próprio a bondade, a compreensão, o amor que tem para dar…”
Dizias-me na carta de despedida… em momentos que só nós sabíamos, não podermos realizar.
Hoje, olhando para trás, reconheço, que fostes uma das coisas mais bonitas que me aconteceu. O amor de um jovem, pronto a entregar-se a uma paixão que o avassalava, mas que eu não podia aceitar.
Guardo a tua carta de despedida.
Assim, como guardo o reflexo do teu olhar no meu coração…”… dei um passo em frente na evolução terrena, embora me custe deveras neste momento, ter de viver sem ti; mas tu também deste um passo em frente: nem tudo foi mau, houve muita coisa boa, não foi por acaso que nos encontramos, assim como não será por acaso se nos encontrássemos um dia mais tarde. Então, nesse dia, compreenderias quanto eu (e outras pessoas que te desiludiram por ora) éramos bons no fundo; apenas não o descobrimos ainda…”
Não foi por acaso, que nos encontrámos. Estava escrito nas estrelas…e no poema que um dia deixaste, numa carta de despedida:
"Se eu tivesse uma vara de condão
Em ti, flor querida, a perfeição
Atingiria, as raias da magia:
A inteligência de sábio te daria,
A bondade de anjo ou do asceta,
A graça do orvalho numa pétala,
A beleza da rosa perfumada,
Sem espinhos na haste delicada…
Se o destino estivesse em minhas mãos
Quanto mais te daria (oh, minha ilusão!)
Assim, pobre de mim, apenas peço a Deus,
Que te ilumine e guie lá dos Céus…”
Em ti, flor querida, a perfeição
Atingiria, as raias da magia:
A inteligência de sábio te daria,
A bondade de anjo ou do asceta,
A graça do orvalho numa pétala,
A beleza da rosa perfumada,
Sem espinhos na haste delicada…
Se o destino estivesse em minhas mãos
Quanto mais te daria (oh, minha ilusão!)
Assim, pobre de mim, apenas peço a Deus,
Que te ilumine e guie lá dos Céus…”
A ti… olhando os teus olhos… toda a ternura do meu coração!
(memórias de mim...)