Abre a janela, e olha!
Tudo o que vires é teu.
A seiva que lutou em cada folha,
E a fé que teve medo e se perdeu.
Abre a janela, e colhe!
É o que quiser a tua mão atenta:
Água barrenta,
Água que molhe,
Água que mate a sede...
Abre a janela,
quanto mais não seja,
Para que haja um sorriso na parede!
Miguel Torga – in Diário XV
Sempre me identifiquei com este poema. Direi até: adoro este poema!
E abro a janela. E sorrio.
E apetece-me Verão. Dias quentes. Sol.
Os pássaros chilreiam debicando o prato de comida que coloco a meio do terraço, debaixo da mesa, ao lado de uma taça de água.
Agora, sem o Sting a assustá-los, é vê-los empurrando-se ou, muito simplesmente, mergulhando as cabecitas na taça de água.
Esvoaçam ou saltitam de um lado para o outro. Desisti de os fotografar. Ao mínimo movimento levantam voo. Mas... é uma delicia observá-los.
A gata Yuki de visita, em férias, em minha casa, segue-os com aqueles grandes olhos amarelos. Acho que ainda não tinha dado bem conta, noutras visitas, da existência de tais exemplares soltos no terraço, habituada que estava a ver o Pipoca na sua gaiola amarela
Até me assustei quando a deixei ir apanhar sol e uma pega, nada habituada a ter o terraço ocupado com tal ser, começou a grasnar com tal força que corri a tirar de lá a gata, não fosse ela atacar a bichana tal eram os gritos que dava.
Aquela ave preta e branca de cauda bastante comprida é assídua visita do meu terraço.
Primeiro uma, depois outra, agora são um par que fazem companhia aos pardais e outros pequenitos de que não sei o nome e lhes roubam os bocados de pão que coloco no prato.
Divirto-me com estes pequenitos que alheios à minha presença saltitam de um lado para o outro na luta de migalhas para a sua sobrevivência.
E cantam felizes.
Um visitante na hora do lanche |
Que estará a dizer a Yuki ao Pipoca? |
Será que o bicharoco já se foi embora? |
Amanhã chega o Verão. Chegará mesmo? |