quarta-feira, outubro 27, 2010

Tanta Gente, Mariana

"Maria Judite de Carvalho, feiticeira secreta da solidão" dela escreve Urbano Tavares Rodrigues no final do Prefácio que assinou nesta tão esperada reedição de Tanta Gente, Mariana:

"…Há também na obra de Maria Judite de Carvalho desde o começo uma poética dos títulos, que aliás não é alheia a uma certa poesia da sua escrita, detectável em certas imagens que vibram na economia, que não é secura, dos eventos e dos diálogos.
Tanta Gente Mariana é, de certo modo, um retrato interior da mulher ao mesmo tempo meiga e arisca e tão secreta que eu profundamente amei e sempre admirei."


Foi com emoção que li o Prefácio da reedição de um livro que já li apaixonadamente por diversas vezes e cada leitura é uma nova revelação para mim…

Capa da nova reedição


“… Uma noite dos meus quinze anos dei comigo a chorar. Não sei já qual foi o caminho que me conduziu às lágrimas, tudo vai tão longe, perdido na fita branca do passado. Só me recordo de que o pai me ouviu e se levantou. Sentou-se ao de leve na borda da minha cama, pôs-se a acariciar-me os cabelos, quis saber o que eu tinha.

- Estou só, pai. Não é mais nada. Dei porque estava só e isso pareceu-me… Que parvoíce, não é? Estou agora só! E tu então?
Tentei rir a tapar-me, já arrependida da franqueza, mas ele não colaborou e isso salvou-o da raiva que eu havia de lhe ter na manhã seguinte. Não se riu e a sua voz, quando veio, era muito doce, quase triste.

- Também deste por isso – disse brandamente – Também deste por isso. Há gente que vive setenta e oitenta anos, até mais, sem nunca se dar conta. Tu aos quinze… Todos estamos sozinhos, Mariana. Sozinhos e muita gente à nossa volta. Tanta gente, Mariana! E ninguém vai fazer nada por nós. Ninguém pode. Ninguém queria, se pudesse. Nem uma esperança.

- Mas tu, pai…
- Eu… As pessoas que enchem o teu mundo não são diferentes das do meu… No fundo é muito provável que algumas delas sejam as mesmas, mas aí está, se fosse possível encontrarem-se não se reconheciam nem mesmo fisicamente…
Como havemos de nos ajudar? Ninguém pode, filha, ninguém pode…

Ninguém pôde.
…" (excerto)

A reedição de Tanta Gente, Mariana já se encontra à venda.


Uma bela prenda para o Natal que se avizinha

domingo, outubro 17, 2010

António Ramos Rosa

Fotografia pessoal tirada pela MM


António Ramos Rosa completa hoje 86 anos de Vida.

Por tudo o que nos ofereceu através da sua Poesia é, na minha opinião, um dos melhores Poetas Portugueses contemporâneos vivos e já viu o seu nome apontado como candidato ao Prémio Nobel da Literatura.

O vasto património poético que possui honra a Língua Portuguesa.

Hoje digo-lhe como é importante para mim a sua Poesia e como o amo pelo Ser que é.


Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração.

Poema de António Ramos Rosa,
in Viagem através duma Nebulosa, 1960,
"O Poeta na Rua", pág. 29.”



Parabéns, POETA


Imagem: para além do Poeta, encontrava-se presente Helena Domingues, minha Amiga e grande admiradora do Poeta

sexta-feira, outubro 08, 2010

Convite...

O mundo virtual juntou-nos e criou entre nós uma empatia a que a sensibilidade e cadência das suas palavras não é alheia.

Apesar de se encontrar a viver na Alemanha manteve um elo permanente com a Língua Portuguesa e a vivência desses dois mundos tão diferentes sente-se no sentimento que se lê nas palavras que nos oferece:

a Sensibilidade

"tem a leveza do ar
a transparência das
águas do meu mar

por vezes leva-me a sonhar
uma dança não anunciada

por vezes leva-me a chorar
uma lágrima não pronunciada




…"(excerto)

 (clicar para aumentar a imagem)


Ler Maria do Rosário Loures é sentir a sua alma, que se mostra nua e transparente, quase como uma criança, revelando as emoções do seu quotidiano.

Em terras germânicas a sua poesia começa a ser editada a partir de 1996 pela revista de literatura da Francónia “WORTLAUT”

seguindo-se:
1997 - a revista de arte SIGN 7 publica onze poemas com um portrait da autora;
1998 - livro de poemas “Atlantikblau und Olivengrün” na editora Dr. Bachmaier Verlag, Munique, com a apresentação do mesmo como obra principal da editora na Feira Internacional do Livro de Frankfurt e mais tarde na Feira Internacional do Livro de Leipzig”; inúmeras apresentações do livro pela Francónia e na velha Universidade de Erfurt;
2000 - antologia “Pegnitzrauschen”, pela editora Fahner Verlag, Lauf a.d. Pegnitz
2002 – antologia “Pegnitzrauschen, zweite Welle“ da mesma editora.

É com muita alegria que vos anuncio o lançamento em simultâneo de dois livros no próximo dia 16 de Outubro, pelas 18 horas no Hotel Real Palácio / Galeria Prova de Artista à Rua Tomás Ribeiro, 115 em Lisboa

"Um Sumário da Minha Vida no Século Passado", com apresentação da obra e autora a cargo do Dr. Cruz Pereira.

Bilingue “Atlantikblau und Olivengrün/"Do Atlântico Azul ao Verde das Oliveiras", igualmente com apresentação a cargo da Dr.ª Manuela de Noronha Viegas.



(clicar para aumentar a imagem) 




Contamos consigo

Apareça!