quarta-feira, dezembro 31, 2008

É urgente...

Imagem Google


É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar a alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.


“Urgentemente” , de Eugénio de Andrade
 in,  Antologia Breve (1972), pág.32)


sexta-feira, dezembro 26, 2008

Momentos...

O sol tímido, teima em esconder-se, por detrás das árvores que avisto da janela aberta que inunda o aposento de uma claridade estranha, reflectindo em cada objecto uma luz difusa, que faz com que o meu olhar se demore, recordando a longa ou breve história, que cada um deles, me devolve em pensamento.

O som abafado de uma música chega-me através da porta entreaberta e, reconheço os acordes da guitarra de Carlos Paredes; sorrio porque sei ter sido uma prenda bem recebida e desejada.

O meu olhar espraia-se no horizonte. Gosto destas manhãs tranquilas onde revivo memórias que não desejo esquecer. Uma alegria quase infantil inunda-me ao recordar momentos que já são passado, mas estão tão presentes em mim, como se tivessem ocorrido ainda ontem…

O meu olhar detém-se na pilha de livros em cima da secretária e, instintivamente, abro ao acaso o primeiro em que peguei e as palavras de Linda Macfarlane saltam para fora da folha branca:

“O nosso amor não é um amor vulgar. Tem uma história com a dimensão de milhões de anos. Possui um futuro que não tem fim. Possui força e sabedoria. Apoio e compreensão. Cresce, aprendendo. O nosso amor não pertence ao tempo, ao espaço ou aos fracassos humanos.”


Esta é uma época de Amor. Todas podem ser de Amor… pertencentes à capacidade que cada um lhe queira dar. O Amor é eterno no coração de cada um de nós, seja qual for a forma de o repartirmos.

Lentamente fecho o pequeno livro e o seu título faz-me sorrir docemente…

   Pintura de Susan Bourdet



Ao meio das folhas, no meio das vozes
que abrem e cantam a clareira, a corda
de algodão delgada e branca que atravessou
quatro orifícios, quatro furos petrolíferos,
dá o nó e o laço
que seguram as páginas de terra e
formam o caderno. Nas praias imóveis
nas suas ondas quietas, na rugosidade
branca das suas verdes folhas, podes
agora
escrever na leitura o livro
entre ti e mim tecido/entretecido
das sílabas vivas do surdo clamor
do mundo, do vivo enquanto
vivo.

Beija o anel do luar e
do sol: a música do mundo
presa na haste viva que o livro
hasteia branca e vermelha.


(Poema "A meio do Caderno" de Manuel Gusmão)


quinta-feira, dezembro 25, 2008

Natal...


Desenho do Nick Mancini


  "Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher"


(excerto do poema
"Quando um Homem Quiser" de Ary dos Santos)

sábado, dezembro 20, 2008

Porque não me apetece festejar o Natal...

Desligo a televisão com um movimento brusco enquanto o meu coração bate descompassadamente.

Olho o presépio e a árvore com as luzes ligadas e, instintivamente, desligo-as.

Uma onda de revolta e tristeza invade-me mas sinto-me impotente para lutar contra a duplicidade do Mundo.

Algures num documentário fala-se que num determinado país onde as vacinas deveriam ser oferecidas gratuitamente a todos os que dela precisam (e são milhares), são vendidas a preços exorbitantes, debaixo do olhar complacente das autoridade e, o povo, que delas necessita, passa fome para as comprar.

Noutro canal, fala-se da filha do presidente de um país, qual testa de ferro, a fazer aplicações financeiras de milhões, enquanto o povo morre de fome.

A nível mundial, centenas de famílias entram em ruptura financeira; entretanto, vão-se descobrindo as falcatruas que financeiramente se fizeram, onde cada um, recolhia os dividendos para proveito próprio.

Sinto-me cansada e febril. Em parte, devido ao meu estado de saúde, cuja gripe, que se agravou nestes dias, me tem incomodado. Por outro lado, uma tristeza enorme pela minha impotência, por não poder fazer mais do que sentir o meu coração solidário e revoltado, com tudo o que se passa.

Tive uma educação cristã; ensinaram-me que Jesus nasceu para salvar a Humanidade.

Olho o Menino deitado nas palhinhas e penso quantas vezes ele teria que voltar a nascer para o “mundo” ser salvo.

É verdade que o espírito natalício poderá estar em nós todo o ano. Reconheço que em mim talvez esteja, porque não preciso do Natal para ser solidária, para me interessar pelos outros, para ajudar, mesmo que não dêem conta que o esteja a fazer…

O Natal já não tem o impacto e o virtuosismo de outras alturas; não preciso desta época para me dedicar à família, aos amigos, a quem de mim possa precisar.

Natal é quando o Homem quiser”, diz no seu poema Ary dos Santos.

É verdade. E cada vez mais, isto é uma realidade.

Não me apetece ter luzes, não me apetece festejar; o Menino nasceu numas palhinhas, rodeado de amor dos seus Pais e cresceu feliz junto de sua Mãe. Quantas crianças por esse mundo fora têm este conforto?

O Mundo está em crise, sim. Mas não é só financeiramente. Está em crise de sentimentos, de igualdade entre os homens, da verdadeira fraternidade. O egoísmo, a arrogância, o desprezo pela verdadeira liberdade de cada um, é patente nas notícias diárias e mundiais. A falta de ética, de vergonha de atitudes, de quase comiseração por quem rouba descaradamente milhões para seu próprio proveito, deixando na miséria muito ser humano, prova que o “mundo” está podre e, sinceramente, não me apetece festejar o Natal com aquela alegria dos meus tempos de criança.

Este, para mim, já não é um dia mágico. É um dia que me lembra, ainda mais, as desigualdades existentes entre cada ser humano. 


Que neste dia possamos dar um pouco mais de nós àqueles que disso necessitem.



 Imagem portuguesa de Jorge Escalço Valadas


FE L I Z N A T A L

domingo, dezembro 07, 2008

"Qualquer direcção que o vento sopre"...


...recorda-me o dia em que recebi o disco de uma pessoa de quem muito gostei e que simplesmente me disse… nunca esqueças de que "… eu sou apenas um pobre garoto e ninguém me ama".

Passaram-se muito anos… e eu recordo aquele “garoto” que, ainda hoje, está no meu coração.

Sê feliz, estejas como e onde estiveres


(desligar, por favor, a música de fundo do lado direito, para ouvir o vídeo)

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Divulgação...

"Uma Profecia que jaz no trilho da civilização, preparada há milénios por uma classe oculta de misteriosos e auto-proclamados "Deuses", é revelada a um Professor da Universidade de Halmos, após ingerir uma substância misteriosa, contida num frasco que herdou. A Profecia define os caminhos de um trio de homens escolhidos, de forma a fazê-los convergir no Monte Olympus, na Terra.


Nem tudo, no entanto, poderá correr como profetizado... especialmente quando outras forças desejam manipular a Profecia para canalizar o seu poder..."


Capa do livro

Rui Diniz proporciona-nos uma narrativa cujo movimento alterna frequentemente o ponto de vista e é continuamente acompanhado por uma peculiar análise psico-filosófica. O estilo estético – entre os toques poéticos, os momentos frenéticos de acção e a descrição narrativa – compõe-se de uma grande variedade de cores e texturas, enriquecido ainda por um ambiente empolgante, propício a reviravoltas, que flui para um final surpreendente e emocionante.

"Olympus: A Profecia do Grande Espírito" é o terço inicial de uma trilogia que promete conquistar um lugar muito próprio na estante do género.


"Lembra-se da última vez que um livro o fez pensar por si?"

É esta descoberta, através das palavras do autor, que lhe propomos no presente

C O N V I T E


O autor, Rui Diniz, e a Papiro Editora têm o prazer de convidar V. Exa. a estar presente no lançamento promocional do livro "OLYMPUS: "Profecia do Grande Espírito", que terá lugar no dia 5 de Dezembro de 2008, pelas 21h30m na Fnac do Norteshopping, na Cidade do Porto."

sexta-feira, novembro 21, 2008

Divulgação...


C O N V I T E



Quem sabe, Amanhã será Primavera” é uma obra em co-autoria onde a poesia e a prosa poética se conjugam e terá o seu lançamento oficial HOJE dia 21 (sexta-feira) às 21,00h, cujo convite aqui vos deixo 


Maria Mamede e Albino Santos têm um vasto currículo demonstrado nas várias obras literárias publicadas e já foram por diversas vezes referidos neste espaço.



O sentimento falaz

é um gesto bailarino

um não galanteio de liberdade
é capitulação
e esforço
e não é luz nem harmonia
e da escuridão
não é sintonia.

Poema de Paula Raposo


Este é um dos poema que consta do livro cujo convite de lançamento vos deixo.
A apresentação está a cargo de um nome bem conhecido da blogosfera Jorge Castro autor do blogue Sete Mares



Contamos com a vossa presença.

segunda-feira, novembro 17, 2008

Um encontro de Amigos...

Vão longe os tempos em que, menina e moça sonhadora, quando tinha o privilégio de assistir ao lançamento da publicação de algum escritor conhecido, ficava a imaginar o que sentiria o autor no momento em que apresentava ao “mundo” o nascimento de algo tão pessoal como é a escrita.
Não querendo falar de mim ou da minha escrita, deixo isso nas palavras da apresentadora Inês Ramos num manifesto que me encheu de ternura e que poderão ler aqui, porque é uma análise global do entendimento da minha alma.

Antes falarei do convívio e alegria que marcaram a apresentação de "Um Desnudar de Alma" e as imagens que vos deixo são bem esclarecedoras desses momentos…














O meu agradecimento especial a:

Andreia Varela, coordenadora da Papiro Editora, pelo empenhamento, ao longo deste tempo, da divulgação do Menina Marota;

Inês Ramos, autora do blogue Porosidade Etérea, pelo desnudar da minha poesia.

Clarinda Galante, Luís Pinto e Jorge Castro e as mencionadas Inês Ramos e Andreia Varela, pela leitura de alguns dos meus poemas, tornando este momento muito especial.

Um agradecimento muito particular a quem me tem acompanhado nesta epopeia, o locutor Luís Gaspar que desta vez, foi obrigado a sair do anonimato perante a presença de autores que já leu, nomeadamente a Poetiza Graça Pires, Carlos Peres Feio, Rui Diniz, Jorge Vicente, de entre os que me recordo.

Não quero deixar de assinalar ainda a grata presença de Jorge Casimiro e esposa, António Moreira (Friedrich) e Margarida sua esposa, José António Martins Baptista, Manel do Montado, Rogério Freitas Sousa, de entre aqueles que consegui fixar.

Foi sem dúvida, um grande momento em que a poesia foi rainha…


Gostaria de assinalar uma apreciação muito especial do Jornalista e editor-chefe do Portal Mhário Lincoln do Brasil, que dois dias após a apresentação do Menina Marota "Um Desnudar de Alma" publicou este entendimento que fez da leitura do livro.

Obrigada a TODOS pela presença e carinho 

terça-feira, novembro 11, 2008

Divulgação



  Tudo será.
A tua sede
sedosa pele,
a tua vertigem
gélido calor.
o teu anseio
negro desdém.

Tudo persiste ser.

O teu sentir,
perfume ausente,
o teu vislumbre
cega visão.

A ser, nada será.

Na penumbra
e no limbo,
vou acreditar,
Afinal.

(Poesia, fotografia e capa de
Rogério Freitas Sousa)




Convites



Apresentação promocional em 13-11-2008, 18.30 horas, Fnac do Centro Comercial Allegro de Alfragide. Apresentação a cargo de Inês Ramos








Lançamento promocional em 13-11-2008, 21.30 horas, Fnac do Centro Comercial Allegro de Alfragide. Apresentação a cargo de Élvio Sousa e ainda a presença da modelo da capa e de algumas fotografias interiores, Marina Rodrigues, ex miss Portugal.

sábado, novembro 08, 2008

Partilhando...


 "Só tão alto quanto o que alcanço posso crescer, só tão longe quanto exploro posso chegar, só na profundidade para que olho posso ver, só à medida que sonho posso ser." (Karen Ravn)

Aradhana, Avatar da MM no Second Life



Após largos dias de problemas informáticos, que me pareceram séculos, eis-me de novo aqui…

Recordo Marcel Proust quando nos diz: "A verdadeira viagem da descoberta consiste não em procurar novas paisagens, mas em vê-las com outros olhos."

O mundo cibernético é decididamente isso. Com um simples movimento de dedos, vagueamos por mundos muito diferentes, encontrando locais e tecnologias verdadeiramente espantosas, que nos permitem outra forma de ver esses “mundos”…

Reconheço que sou uma fã das modernas tecnologias e, apesar de nada perceber delas, aventuro-me e parto à descoberta dos novos mundos que me são apresentados…

Falarei deste assunto num outro dia porque, hoje, quero agradecer e partilhar a simpatia do Eduardo Aleixo dedicando a este blogue o…



 que dedico, muito carinhosamente, a todos os que por aqui passaram e vão passando, porque são, afinal, quem dão luz a este espaço.



   
   


Um abraço  

sexta-feira, outubro 24, 2008

Entre a lama e o amor

Pintura de Ana Muñoz



Despertei com vontade
de acordar o Sol
na penumbra do amanhecer.

Cansado da noite,
- a lua adormecera
no nevoeiro dos seus braços -
o sol descansou na berma
do alvorecer e na perpétua
ondulação do verde da aragem.

Através do sibilante som da folhagem
os pinheiros albergam os primeiros raios
tímidos de luz.

Velozes, partem silhuetas
por entre o verde ondulante da ramagem
onde os pássaros nos seus ninhos
já com penugem nas asas
encetam, temerosos, o caminho
que os levará, ousados, aos telhados das casas

Ao longe, um quase som de Jazz
que lembra Coltrane, por entre
ondas azuis de nuvens
ávidas de palavras púrpuras,
entre lábios de sabor a mel
desperta a cidade adormecida.

Neutro o coração que não geme
a dor do desconhecido, a comoção
do sentimento partilhado ao leme da Vida.
Resiste a cidade na estreiteza de conceitos
como definição da rima interior
- entre a lama e o amor -

Enquanto debaixo de chuva e sol
houver, feridos de silêncio, crianças chorando,
velhos dormindo no cimento ou mulheres
naufragadas na palma do sonho
do seu próprio abandono,
meu coração estará em pranto
e deste mundo desiludido.

terça-feira, outubro 21, 2008

Prémio Dardos

Recebi e aceitei muito carinhosamente da Mateso e da Ana  (Enconta do Mar) ficando com a ingrata tarefa de ter que escolher 15 (quinze) outros blogues, segundo as normas do...




Informações sobre o Prémio Dardos:

"Com o Prémio Dardos se reconhecem os valores que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras.

Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web.

Quem recebe o "Prêmio Dardos" e o aceita deve seguir algumas regras:

1. - Exibir a distinta imagem;
2. - Linkar o blog pelo qual recebeu o prémio;
3. - Escolher quinze (15) outros blogs a quem entregar o Prémio Dardos."


Seguindo as normas e não desvalorizando outros blogues que não poderei mencionar, repasso por ordem alfabética...


domingo, outubro 19, 2008

Recuso-me! Faço greve...

Imagem Net Card

Recuso-me!
É isso mesmo! A partir de hoje recuso-me a comentar blogues que tenham aquelas letrinhas pequeninas, que na maior parte estão tão incompreensíveis que, por causa disso, se perdem os textos dos comentários que escrevemos.

Para além desse inconveniente e do tempo que se demora a escrever as ditas letrinhas, estamos sujeitas ainda a… ora reparem no que fui guardando para delas fazer referência…
MijaXicaok - Tiazita34Umcus123Umbigopipilarilaokehe - fomeak78penismax31
(mas há mais, que a minha timidez natural obsta a que aqui apresente…)

Bem… estas até deixava passar, mas hoje transbordou a minha paciência ao deparar-me, para fazer um comentário, que não fiz, com estas letrinhas: Gordaa95.

Aqui, confesso, a minha tolerância terminou!

Eu sei!

Sei que, neste Verão, abusei dos gelados, de alguma comida, que bebi uma ou outra cerveja a acompanhar as apetitosas francesinhas que tanto gosto de comer, que até não fiz muito exercício físico porque passo o dia no gabinete da filhota, que deixei de ir à piscina, etc… etc…

Mas isso é pretexto para me chamarem com todas as letras… Gordaa95?

E ainda… o que significa o 95? Que eu peso 95 quilos? 

Grande mentira… acabei de me pesar e estou nos 51 kg! O que quer dizer que só engordei 1um quilo, desde a última vez que me pesei!

Por conseguinte meus Amigos, não tolero mais esta situação! Abaixo as letrinhas, os números e não sei que mais, que me impedem de comentar onde me apetece!

Faço greve!

Recuso-me! Não deixo que me façam perder a vontade de comentar (quem fica com imaginação depois disto tudo, para comentar o que quer que seja?) e muito menos que estejam a reparar nos meus quilitos a mais!


Quem está comigo?