Adormeci tarde. A chuva batia incessantemente no vidro da janela como que a chamar-me de mansinho.
Ainda nem sei bem se dormia quando sinto os teus passos aproximarem-se devagar… e um sorriso percorre-me como que adivinhando o bem que irias provocar.
Num rompante retiro do corpo a peça que o cobre e entrego-me aos teus prazeres, enquanto os meus dedos percorrem calmamente o teu...
No meu jardim florido
um arco-íris de sonhos move,
arrebatado,
sedento do teu corpo
que se abandona ao meu,
a paixão
transmitida
no toque mágico da tua boca
na minha pele,
que ousa,
deliberadamente,
por entre palavras
inaudíveis,
saciar-me
até à exaustão,
na sede da ternura
do nosso coração.
um arco-íris de sonhos move,
arrebatado,
sedento do teu corpo
que se abandona ao meu,
a paixão
transmitida
no toque mágico da tua boca
na minha pele,
que ousa,
deliberadamente,
por entre palavras
inaudíveis,
saciar-me
até à exaustão,
na sede da ternura
do nosso coração.
Pintura de Adam Scott
O tempo pára cúmplice da claridade que rompeu pelo aposento e entrou nos teus olhos que me olham apaixonadamente, como se não acreditassem que ali estivesse e dou-me na seiva que escorre de mim, numa oferenda mágica de todo o meu sentir.
Um calafrio percorre-me e, ao longe, ouço o bater agitado do vento numa das janelas e ainda mal refeita do sonho de onde acabara de sair, olho o lugar vago e frio a meu lado que há muito não conhece o calor de outro corpo.
Reparo nos ponteiros luminosos do relógio e, num salto, cubro a distância entre os meus dois cãezitos que aguardavam, mais que ansiosos, pela abertura da porta do quarto… e do passeio que a chuva iria estragar.
Foi apenas um sonho num amanhecer chuvoso…