Premiado com o Primeiro Lugar no Passatempo Viver a Poesia, do Clube dos Poetas Vivos do Facebook que conta actualmente com 5 600 Membros registados, o texto que apresentamos de Heduardo Kiesse recebeu como prémio de participação o seguinte:- Vídeo elaborado e gravado por José-António Moreira do Sons da Escrita e publicado no Youtube;- Romance, "Não de brinca com as facas", de José António Barreiros;
- Livro de poemas "Coimbra ao som da água", de Xavier Zarco.
- Livro de poemas "Coimbra ao som da água", de Xavier Zarco.
Com permissão do autor aqui fica o vídeo e respectivo texto.
(Desligar a música de fundo para ouvir a gravação, p.f.)
Prosaria
Apago com luz estrelas que aguardam que o sol friolentamente se dilua no céu e faça luar o teu nome. Apago com palavras aquelas noites em que o sono não pega em ti e adormecemos de abraços dados cada um com o seu lugar marcado. À hora da poesia. Não faças distância perto de mim. Já não temos juízo nem idade para mastigar saudades.
À hora da poesia.
És tu o poema. Engole estes versos que te dou sob a forma de tranquilizante para curar a arritmia dos dias feitos de sonhar. Negra-me a pele. Endireita o caminho enquanto atraverso o poema de um lado ao outro e dá-me tempo para temperar a impaciência.
À hora da poesia.
Farei silêncio grelhado com pedaços de lua cheia. Farei carícias enlatadas e cachos de manga com sabor a fruta. Se restar fôlego. Farei crepúsculo cozido com fragmentos de nevoeiro. Não. Tudo menos crepúsculo. A última vez que fiz deixei queimar as horas dentro da panela. Quando destapei o tempo já não havia minutos que chegassem para namorar prazeres.
À hora da poesia.
É o teu alguém que acontece em mim como se não tivesse acontecido nada. É o idoso que vou sendo cada vez que a idade celebra mais um ano. É despertar com os teus sorrisos os sorrisos que ainda não ousas. São antídotos fora do alcance da fala. São botões de emergência preguiçosos. São braços entrelançados no peito.
À hora da poesia.
Escrever-te-ei em prosa para que possas tomar cada verso como um banho de cascata no coração. Respirar profundo o mar de hoje rente à linha do horizontem. Descascar a loucura ao ritmo de um grito definitivo e descalçar ilusões antes que seja tarde para recuperar a realidade.
À hora da poesia.
Quem te mandou a ti ensaboar o corpo com insultos de amor? Quem te rasgou poemas nos olhos apenas pelo simples facto de serem cascas de relâmpago colados à pele? À hora de bater asas na cara de outros voos. Quem te mandou assaltar trapézios com a altura de um céu? Quem me virá acudir se me acontecer um poema e tu não tiveres mais poesia para encher versos? Quem sacudiu lençóis de água à varanda da minha sede? Quem te vai emprestar os meus lábios quando os teus já não tiverem mais beijos para gastar?
Eu. Eu que te julgava um poema? Não! Tudo menos poemas.
Hoje sei que à vista desarmada a poesia é realidade que acontece quando não se tem outra ilusão. Mas. O que importa escrever assim ou assado se conservo em mim a dádiva de ser alado como um pássaro voando na direcção correcta?
És tu o poema. Engole estes versos que te dou sob a forma de tranquilizante para curar a arritmia dos dias feitos de sonhar. Negra-me a pele. Endireita o caminho enquanto atraverso o poema de um lado ao outro e dá-me tempo para temperar a impaciência.
À hora da poesia.
Farei silêncio grelhado com pedaços de lua cheia. Farei carícias enlatadas e cachos de manga com sabor a fruta. Se restar fôlego. Farei crepúsculo cozido com fragmentos de nevoeiro. Não. Tudo menos crepúsculo. A última vez que fiz deixei queimar as horas dentro da panela. Quando destapei o tempo já não havia minutos que chegassem para namorar prazeres.
À hora da poesia.
É o teu alguém que acontece em mim como se não tivesse acontecido nada. É o idoso que vou sendo cada vez que a idade celebra mais um ano. É despertar com os teus sorrisos os sorrisos que ainda não ousas. São antídotos fora do alcance da fala. São botões de emergência preguiçosos. São braços entrelançados no peito.
À hora da poesia.
Escrever-te-ei em prosa para que possas tomar cada verso como um banho de cascata no coração. Respirar profundo o mar de hoje rente à linha do horizontem. Descascar a loucura ao ritmo de um grito definitivo e descalçar ilusões antes que seja tarde para recuperar a realidade.
À hora da poesia.
Quem te mandou a ti ensaboar o corpo com insultos de amor? Quem te rasgou poemas nos olhos apenas pelo simples facto de serem cascas de relâmpago colados à pele? À hora de bater asas na cara de outros voos. Quem te mandou assaltar trapézios com a altura de um céu? Quem me virá acudir se me acontecer um poema e tu não tiveres mais poesia para encher versos? Quem sacudiu lençóis de água à varanda da minha sede? Quem te vai emprestar os meus lábios quando os teus já não tiverem mais beijos para gastar?
Eu. Eu que te julgava um poema? Não! Tudo menos poemas.
Hoje sei que à vista desarmada a poesia é realidade que acontece quando não se tem outra ilusão. Mas. O que importa escrever assim ou assado se conservo em mim a dádiva de ser alado como um pássaro voando na direcção correcta?
14 comentários:
O Hedurardo é dono de uma criatividade poética notável. Merece este e todos os reconhecimentos que lhe venham a ser feitos.
Beijinhos
Começo a referir a música de abertura do blog que é fantastica!!!! Um sinal de boas vindas ótimo!
Depois a Prosaria de Kiesse que não me admirando encantou! Tem futuro este miudo!!!
Agora o vídeo que está soberbo!!! Uma voz doce quente bem colocada afirmativa. Uma descoberta para mim.
Parabelizando a Menina Marota por esta seleção fantástica. Fiquem fã.
Já tinha visto e comentado no C.P.V.Ao reler e rever o vídeo, acho o poema cada vez mais bonito e merecedor do primeiro prémio. É uma delícia para não dizer: uma joia preciosa. Parabéns ao Hedurardo e ao C.P.V...e neste caso a ti, querida Otília. Bjito amigo.
Parabens ao Hedurardo, ao C.P.V. e a si, Otília, por este poema maravilhoso, que merece, sem dúvida, ser premiado. Um abraço e obrigado.
Tu és um poema
Beijos
absolutamente belo este poema do heduardo! totalmente merecido o prémio!!!
muitos abraços aos dois! ao eduardo e a ti, otilia.
jorge
Muito belo! Parabéns ao autor.
Um beijo MM
acho que o heduardo merece muito bem este prémio.
conheço-o do paradoxos e gosto muito da sua prosa poética.
um beij
gostei do texto. parabéns!
beijo
Muito bem, já tinha lá ido ver.
Olha, venho te desejar uma boa semana, plena de coisas lindas!
Bj
BShell
Sublime!
:)
Gosto muito da escrita do Heduardo...
desde outros tempos...
Beijos
Venho agradecer a visita ao meu Rochedo em dia de aniversário e as palavras que lá deixou.
Voltei...para te desejar um BOM DIA!
BJ
BShell
Gostei disto, daquilo e de tudo... saudades tantas desta vida de boas leituras e coisas maravilhosas da blogosfera. Saudades tantas tuas, tanto tempo que passou, tanta coisa para dizer e saber...
Beijinhos. Passa lá no meu canto novo. Voltei!
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