O melro saltita contente no chão do terraço…recordo a página por onde passei, o poema que li… fui buscá-lo… aqui
… e, recordo as palavras do meu Avô: para onde “levamos” este Planeta?
Imagem Google
… e, recordo as palavras do meu Avô: para onde “levamos” este Planeta?
Imagem Google
Onde está o cheiro da terra
esse odor, essa terra
que falta às minhas narinas
dilatadas como as de um perdigueiro
sem perdiz, sem bosque
sem vida para viver
sem vida para caçar
sem vida por matar?
Onde param os carvalhos
as oliveiras e os eucaliptos perfumados?
Onde está o sabor verde da paisagem,
o mugir triste das nossas vacas manchadas
como zebras de um hemisfério trocado,
o cantar do primeiro galo acordado pela aurora
o ladrar ameaçador dos cães soltos na serra
protegendo o rebanho no pasto espalhado
pelas montanhas, por essas escadarias
de comer e de passear, de ir e voltar?
Quando foi quer perdemos isto, meu Deus
meus amigos, quando?
Onde pairava o nosso olhar distraído
quando nos roubaram os rios cristalinos
e no seu lugar puseram correntes de lava
lava sujo como lodo,
lodo imundo como sangue?
Para onde meus caros, levaram
os nossos porcos, de sujidade deliciosos?
E de onde vêm afinal estes leões de metal
de rugido côncavo e gutural
de bafo negro, porco e quente?
Raios! Quando foi afinal que trocamos
os nossos campos de trigo à desfolhada,
os vinhos prontos a ser podados,
o cheiro da uva sob pés esmagada,
por perfumes de ervas plastificadas
por montanhas de cimento acimentadas
cinzento, frio, frio e pardo,
por corpos vazios de rostos uniformes
por palavras despejadas, por relações forçadas?
Para onde, por favor, onde
puseram a frescura verdejante que nos fazia sonhar
em que víamos palácios magnânimos nas colinas
e no horizonte um amanhã por desenhar?
Ajudem-me, ajudem-nos, pela vossa saúde, a encontrar
o mundo perdido que por aí anda, perdido
e nós perdidos nas ruelas, a sangrar...
Vamos juntar-nos irmãos, camaradas
e iniciar a derradeira jornada
juntem-se polícias, pedintes, estudantes
pedreiros, médicos, vendedores ambulantes.
Erga-se a criança no colo, e o avô nos ombros
e partamos
como nos tempos antigos
rumando para um mundo novo
o nosso velho mundo de lama
de relva, de chuva
de éguas parindo em desespero
de coelhos fornicando a voar
de touros morrendo moribundos
de rouxinóis cantando na rama
de cucos desafiando pela tarde
de flores no caminho que pisamos
de terra fresca sob os pés descalços,
pela chuva inclemente, pela humidade de prata,
pelas doenças incuráveis, pela próxima desgraça,
pelas capelas semeadas no meio do monte
pelas fontes escondidas na clareira secreta,
para recuperar o que já foi e queremos de novo
para ver jornaleiras cantando de cântaro à cabeça
sob o sol resplandescente do meio dia
para ouvir peixeiras anunciada em ribombos
o peixe ordinário da sua vida
para encontrar na esquina os comerciantes
parlamentando sobre o tempo e a vida
para sentir de novo irmãos, família, humanidade
o mundo nesse vestido de verde e castanho
mais brilhantes que ouro e prata,
para viver neste mundo que pode ser nosso
para abraçar de novo a terra inteira.
(Poema do Kordny)
14 comentários:
"para recuperar o que já foi..."
Devemos cuidar do que é nosso e dos nossos descendentes...
jinhos e bfds
lindo :)
Beijos e bom domingo
hoje andei por aqui, pelo teu cantinho... e fez-me tão bem....obgd
jocas maradas de palavras
É trágico o que fizeram e estão a fazer a este planeta:((( beijos
Desde que revi soltos na natureza animais que jà não via desde a infância acreditei que ainda hà cantos no mundo em que esta é respeitada pelo homem.
Eu acredito que estejamos a entrar numa era melhor onde o respeito pela natureza e pelos animais sejam uma realidade e não um sonho.
AH! MINHA LINDA E DOCE AMIGA! QUE BOM, MAS QUE BOM, TER O SEU SORRISO RADIOSO E DO TAMANHO DO MUNDO, iluminando meu ofuscado "espaco2 e, meu, mais ofuscado coracao!!!
_MUITO OBRIGADA!!!
VIM CORRENDO, dizer-Lhe da minha ALEGRIA e deixar-Lhe o meu (nao radioso)SORRISO E A MINHA AMIZADE*!!!
E...ROSAS DE MAIO PARA SI*!!!!!
_ROSAS E FLORES DE TODAS AS PRIMAVERAS!
BEIJINHOS!!!!
_ESTE *POEMA E ESTA IMAGEM*, QUE NOS RECEBE A CHEGADA, NAO PRECISAM QUE EU LHES COLOQUE NENHUM ADJECTIVO!!!!!
Sua amiga,
Heloisa.
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(…) Raios! Quando foi afinal que trocamos
os nossos campos de trigo à desfolhada,
os vinhos prontos a ser podados,
o cheiro da uva sob pés esmagada,
por perfumes de ervas plastificadas
por montanhas de cimento acimentadas
cinzento, frio, frio e pardo,
por corpos vazios de rostos uniformes
por palavras despejadas, por relações forçadas? (…)
Que momento, que musica de fundo…mais uma daquelas leituras balsâmicas para a alma…só tu, as tuas escolhas e essa sensibilidade.
Quanto ao que deixaste no Montado, umas simples palavras de agradecimento do fundo do peito.
É das vozes que mais gosto e este poema em particular…
(…)Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais.
Hoje me sinto mais forte
Mais feliz quem sabe?
Eu só levo a certeza do que muito pouco eu sei.
E nada sei. (…)
Tocaste-me fundo e dentro desta carapaça endurecida por uma vida…vivida, as lágrimas saíram porque me revejo no poema e definiste-me tão bem!
Beijo e noite calma
Mais um Beijinho GRANDE por uma bela foto e poema :-)
excelente. tudo de tudo.
bom maio.
Hoje dia do trabalho...
para variar...NÃO FIZ NADA ! ! !
Olá,
É pena grande parte das coisas de que o poema fala terem passado a ser apenas recordações.
Boa semana. Um beijinho.
:) devemos preservar a natureza pq kem fez esta ja n faz mais nenhuma :) mt bonito o poem
Oi,
primeira vez que visito teu blog.
Lindos post, lindas cores, linda música.
Parabens,
me
oi, adorei este Hino a terra que está no seu blog, gostaria muito se lhe for possivel, q me enviasse ele, meu email é preaocubo@hotmail.com!!!
adoraria dividir ele com uns amigos meus!! parabens pelo seu blog,
desde já honrado
LEANDRO OLIVEIRA
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