Imagem de Dórdio Gomes
Havia um sol desanimado entre nuvens que
numa dança voluptuosamente estranha
ameaçavam gotejar...
Havia um céu riscado de asas sobre os telhados
que escondiam mistérios encapotados
de almas geladas,
quase horizontais, solfejando seus ais...
Havia tantas janelas cerradas,
qual dentes trincados amordaçando desejos, agonias,
vitrines de flores enfeitadas...
Havia vultos recitando promessas contritas
na esperança da barganha, sorrindo à porta do templo.
Patético exemplo...
Havia um vento frio, cortante, emudecedor,
contaminando por onde passava com gélido torpor...
Havia crianças...
Havia?
Não sei, delas só sei que não se ouvia...
Havia aqueles sinuosos gatos vadios
que olhavam atentamente o nada
camuflando com suposta indiferença os seus cios...
Havia uma preguiça colectiva
exposta nas esquinas mortas
onde sequer um bêbado se via sobre as pernas tortas...
Havia uma saudade extrema e drástica,
olhos d´água carpindo tudo e nada...
Rostos pétreos em corpos rígidos, cena fantástica!
Havia aquela angustiante sensação de calma
que antecede as tragédias, embala os mortos
e contém os corpos...
Havia aquele desespero de toda urgência,
um sufocante palpitar mal dedilhado,
dissonante sinfonia executada com premência...
Havia vida, é verdade, havia...
entre paredes, dentro do peito, em torniquetes,
naquela gaivota alheia, liberta e toda branca...
Havia vida, havia...
mas ninguém via...
Poema de Sylvia Cohin
Havia um sol desanimado entre nuvens que
numa dança voluptuosamente estranha
ameaçavam gotejar...
Havia um céu riscado de asas sobre os telhados
que escondiam mistérios encapotados
de almas geladas,
quase horizontais, solfejando seus ais...
Havia tantas janelas cerradas,
qual dentes trincados amordaçando desejos, agonias,
vitrines de flores enfeitadas...
Havia vultos recitando promessas contritas
na esperança da barganha, sorrindo à porta do templo.
Patético exemplo...
Havia um vento frio, cortante, emudecedor,
contaminando por onde passava com gélido torpor...
Havia crianças...
Havia?
Não sei, delas só sei que não se ouvia...
Havia aqueles sinuosos gatos vadios
que olhavam atentamente o nada
camuflando com suposta indiferença os seus cios...
Havia uma preguiça colectiva
exposta nas esquinas mortas
onde sequer um bêbado se via sobre as pernas tortas...
Havia uma saudade extrema e drástica,
olhos d´água carpindo tudo e nada...
Rostos pétreos em corpos rígidos, cena fantástica!
Havia aquela angustiante sensação de calma
que antecede as tragédias, embala os mortos
e contém os corpos...
Havia aquele desespero de toda urgência,
um sufocante palpitar mal dedilhado,
dissonante sinfonia executada com premência...
Havia vida, é verdade, havia...
entre paredes, dentro do peito, em torniquetes,
naquela gaivota alheia, liberta e toda branca...
Havia vida, havia...
mas ninguém via...
Poema de Sylvia Cohin
7 comentários:
Só vc mesmo, pra colocar um poema que tanta alma tem!! Numa passada rapida, deixo-te um beijão
Havia e há sempre vida!
Obrigada querida amiga
Também gostei de te rever e saber que estás quase boazinha...
Obrigada pelos comentários e visitas
Beijinhos para ti
quem havia de dizer q eu havia de gostar deste post? =)
Um belissimo post!
Gostei muito de o ler!
Um abraço,
Daniela Mann
Olá Menina Marota!
Parabéns, hoje é o Dia Mundial da Poesia!!!!
Escolheste um poema lindo, forte, para o comemorar...
Gostei do quadro de Diordio Gomes,
não conhecia.
Beijokas
Olá Menina!
Com um pouco de atraso deixo aqui meu agradecimenro pela publicação do meu "Havia" neste espaço tão agradável! Um beijinho, sucesso!
Sylvia Cohin
bela partilha doce menina
"havia" e ainda há vida de verdade e agradável
beijinhos muitos para ti
lena
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