São belas – bem o sei, essas estrelas,
Mil cores – divinais têm essas flores;
Mas eu não tenho, amor, olhos para elas,
Em toda a natureza
Não vejo outra beleza
Senão a ti – a ti!
Divina – ai! sim, será a voz que afina
Saudosa – na ramagem densa, umbrosa.
Será; mas eu do rouxinol que trina
Não oiço a melodia,
Nem sinto outra harmonia
Senão a ti – a ti!
Respira – n' aura que entre as flores gira,
Celeste – incenso de perfume agreste.
Sei... não sinto, minha alma não aspira,
Não percebe, não toma
Senão o doce aroma
Que vem de ti – de ti!
Formosos – são os pomos saborosos,
É um mimo – de néctar o racimo:
E eu tenho fome e sede... sequiosos,
Famintos meus desejos
Estão... mas é de beijos,
É só de ti – de ti!
Macia – deve a relva luzidia
Do leito – ser por certo em que me deito.
Mas quem, ao pé de d, quem poderia
Sentir outras carícias,
Tocar noutras delícias
Senão em ti – em ti!
A ti! ai, a ti só os meus sentidos,
Todos num confundidos,
Sentem, ouvem, respiram;
Em ti, por ti deliram.
Em ti a minha sorte,
A minha vida em ti;
E quando venha a morte,
Será morrer por ti.
(Poema de Almeida Garrett)
28 comentários:
Sexto sentido à procura da perfeição. Boas escolhas... tanto do quadro como do poema. Bom gosto!
Foi bom reler, este sempre belo poema.
Tem um bom fim de semana.
beijinhos
Só falta a música do Sérgio Godinho...
Beijitos da Zona Franca
como o mundo carece de alma ao nosso olhar...mesmo de sentido apurados...um abraço
(...) Mas quem, ao pé de d, quem poderia
Sentir outras carícias,
Tocar noutras delícias
Senão em ti – em ti! (...)
Verdadeira paixão e amor dedicado, apesar de A. Garrett não ser dos meus preferidos até pela definição que dava de povo e plebe, aliás, parte da sua aspiração a ser nobre.
(…) Garrett definirá o povo como «aqueles que por seu talento ou valor, ou importância adquirida, ou herdada, por todos quantos pelo merecimento, por cabedais, mérito pessoal, se elevaram em consideração da massa geral a todas e qualquer proeminência social», continuando a figura das letras portuguesas que «o resto era plebe» (..) O Povo a que AG se refere é a burguesia ascendente.
Um beijo pela escolha quanto ao sentido poético, não tanto quanto ao autor.
Outro beijo pelos momentos sublimes que proporcionas.
Bom fim-de-semana.
:) cont. aki a ver dos mais belos poemas dos nossos melhores autores
Eu cá não morria por ninguém :)
Brincadeira! Morria pois
Beijinho grande
belo poema
"A ti! ai, a ti só os meus sentidos, / Todos num confundidos,/Sentem, ouvem, respiram;/Em ti, por ti deliram."
jocas maradas
Garret tem poemas lindíssimos. E o seu estilo é inconfundível.
Beijos e bom fim de semana
É tão raro encontrar Garrett, aqui na blogoesfera! Foi uma surpresa muito agradável!
Beijinhos e bom fim de semana
Passei para te desejar um bom fim de semana, e gostei do poema. Os sentidos falam de tudo!
Grande POETA !!!!
Bom Fim de Semana.
Bjs.
É sempre com prazer que aqui temos passado.Iremos fazer uma paragem no "Beja" mas voltaremos.
Grato pelas tuas visitas e comentários.
Votos de Boas Festas.
Vou ficar por aqui uns minutos só para ouvir a música. É linda!
A conjunção imagem, poema de Garrett e música, três motivos de encantamento para os entidos! Bom fim de semana!
Já não passava por aqui há algum tempo. é uma delicia ler, ficar em silencio e sentir as palavras do poeta. Bom fim de semana e...passa pelo meu cantinho e vota nas cartas ao Pai Natal :)
Bonito e algo triste este poema de Almeida Garret. beijos
Muito boa esta lembrança do Garrett. Cumpts.
Já há algum tempo que não leio Almeida Garrett e foi agradavel hoje e aqui fazê-lo. Beijinhos, Menina Marota.
Dá gosto ler e reler.
"Em ti a minha sorte,
A minha vida em ti;
E quando venha a morte,
Será morrer por ti."
Apreciei a imagem escolhida.
Bom Domingo.
uma agradavel surpresa encontrar aqui Almeida Garrett!!!
adorei a imagem e a musica!
um beijinho
Olá! Muito bom ter descoberto este teu cantinho.
Adoro poesias e escritos que falam de nobres sentimentos... Aprecio obras de arte.
Bjinhos
Ceiça
http://violetwitch.weblogger.com.br
Um excelente poema de Almeida garrett no enquadramento de uma lindíssima foto.
Boa semana!
Garrett apaixonado!
Garrett o primeiro (talvez o maior romântico da literatura portuguesa, dizem).
Confesso que não sei nada de Letras nem de literatura mas, para mim, só houve um escritor verdadeiramente romântico - Victor Hugo!
Obrigado pela visita à padaria da minha bisavó Joana.
E constato que não só não te mostraste impressionada com a matança do reco (ao contrário da maioria das senhoras que aqui comentaram) como ainda tiveste o pensamento maquiavélico de imaginar o meu bisavô sem cabeça.
Ah!...mulher de coragem!
Beijinhos
se não cantarmos o amor, a paixão, o que nos resta?...Um beijo, "gemea" marota!!!
Xiiii!!!! Agora reparo como tenho andado arredado de ti, cara amiga!
Desculpa-me... sim?. Tanto para ler e neste momento não posso. Voltarei com mais calma. Prometo.
Passei apenas para te agradecer o facto de teres sido a minha cicerone no sábado na festa... Foste sublime. Ficas no meu coração, (já estavas, mas agora cimentaste ainda mais), pela tua delicadeza e amizade. Um enorme beijo de gratidão deste simples Bufagato.
Bom encontrar um poema de Almeida Gerrett, ultimamente é raro encontrar um poema dele divulgado neste mundo de poesia virtual.
Beijinho
Enviar um comentário