segunda-feira, março 18, 2024

Nuno Júdice - (29 de Abril 1949 - 17 de Março de 2024)




AUSÊNCIA


Quero dizer-te uma coisa simples: a tua
ausência dói-me. Refiro-me a essa dor que não
magoa, que se limita à alma; mas que não deixa,
por isso, de deixar alguns sinais — um peso
nos olhos, no lugar da tua imagem, e
um vazio nas mãos, como se as tuas mãos lhes
tivessem roubado o tacto. São estas as formas
do amor, podia dizer-te; e acrescentar que
as coisas simples também podem ser complicadas,
quando nos damos conta da diferença entre o sonho e a realidade.
porém, é o sonho que me traz a tua memória; e a
realidade aproxima-me de ti, agora que
os dias correm mais depressa, e as palavras
ficam presas numa refração de instantes,
quando a tua voz me chama de dentro de
mim — e me faz responder-te uma coisa simples,
como dizer que a tua ausência me dói. 


Nuno Júdice, in "Pedro, Lembrando Ines"  a págs. 18



As Letras ficaram mais pobres. Muito mais! 

Eu, sua fã incondicional de tantos anos, sinto-me vazia com esta perda. 

Adeus, meu Poeta e Professor! 

sábado, dezembro 24, 2022

NATAL 2022




 

Que o Universo se una para que possamos dar as mãos, na verdadeira força da Paz.

Que o Ser Humano consiga, de uma vez por todas, unir a força das Estrelas e possa viver em harmonia uns com os outros.


Aos meus Amigos e, até àqueles que o não são, desejo a Felicidade de um Verdadeiro Natal em especial com muita saúde, amor e toda a ternura do mundo.


Abraço e até breve.

quarta-feira, julho 06, 2022

Voo de Liberdade... (reposição)

A pedido de um leitor  do qual irei preservar a  identidade, reponho este texto escrito em Maio de 2013.  





Recordo ainda muito criança ouvir conversas entre o meu pai e o meu avô, onde se focava que Fulano era pessoa de bem, Beltrano era homem de palavra ou Sicrano era pessoa de princípios e que a sua palavra era ouro.

Fui educada que uma promessa era para cumprir e que não se deveria prometer aquilo que não se podia ou não se tinha intenção de cumprir.


Há algo de desnorteante nos valores actuais e, nomeadamente, nos políticos que, com dinheiros públicos, gerem o país e o povo que os elegeu (ou sustenta).


A arrogância e o logro deliberado têm sido o mote diário da relação Estado/Povo.


A promiscuidade gerada pela ganância politica altera os valores democráticos arrastando, como um tsunami, entidades que não sendo titulares de órgãos públicos (ou já o foram) continuam a querer estar à cabeça do poder e com ele jogar.


A comunicação social divide-se e subdivide-se. A transparência e a equidade andam longe dos propósitos que deveriam guiar a informação e traduz-se numa guerra de audiências.  


Os comentadores políticos, quais treinadores de bancada, sabem tudo, têm ideias sobre tudo e é pena que, alguns deles, quando estiveram no poder não tivessem aplicado no seu governo aquilo que agora apregoam.


Karl Marx escreveu no seu livro "Liberdade de Imprensa" que: "A imprensa livre é o olhar omnipotente do povo, a confiança personalizada do povo nele mesmo, o vínculo articulado que une o indivíduo ao Estado e ao mundo, a cultura incorporada que transforma lutas materiais em lutas intelectuais, e idealiza suas formas brutas".

Na actualidade verificamos a manipulação político-económica que gera um sem fim de objectivos duvidosos onde o mecanismo do sistema de controle de constitucionalidade dos direitos dos portugueses cai sarjeta abaixo.

"O que me preocupa não é o grito dos maus, mas sim o silêncio dos bons".

terça-feira, abril 05, 2022

TESTE...

De cara lavada volto ao meu Reino.

Após várias peripécias que foram desde não conseguir entrar no blogue até ter que mudar de Template pelas dificuldades encontradas, aqui estou de novo.

Confesso que já tinha saudades.

O Mundo está do avesso e, sinceramente, nem me apetece falar de tanto que aconteceu neste último ano.

Só quero deixar-vos um abraço e pedir desculpa de tão prolongada ausência. 


quarta-feira, dezembro 30, 2020

2021 - ESPERANÇA




Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

Mário Quintana in, “Nova Antologia Poética”, a págs. 118