domingo, novembro 26, 2006

Os sinos dobram por nós

Há muito que não visitava, confesso, a página do meu querido Amigo Manel do Montado … pessoa de uma frontalidade e de uma coerência, que me apraz registar. Quando o acabei de ler, ocorreu-me o poema que vos deixo…

Imagem daqui


A injustiça avança hoje a passo firme
Os tiranos fazem planos para dez mil anos
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são
Nenhuma voz além da dos que mandam
E em todos os mercados proclama a exploração;
isto é apenas o meu começo.

Mas entre os oprimidos, muitos há que agora dizem
Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos.

Quem ainda está vivo não diga: nunca
O que é seguro não é seguro
As coisas não continuarão a ser como são
Depois de falarem os dominantes
Falarão os dominados
Quem pois ousa dizer: nunca
De quem depende que a opressão prossiga? De nós
De quem depende que ela acabe? Também de nós
O que é esmagado que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha
E nunca será: ainda hoje
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã
(Bertold Brecht in "Elogio da Dialéctica")

14 comentários:

Pink disse...

Poema forte mas cheio de esperança e que deixa um apelo à luta e ao não-conformismo.

Um beijo

P.S. Também lamentei não ter podido ir À apresentação do livro do Frog, mas tinha afazeres como dirigente sindical aos quais não me podia escusar. Foi pena!

Manel do Montado disse...

Poder-me-ás citar sempre que queiras, facto que constituirá sempre uma honra para mim, apesar de exagerada. O que sinto mesmo é um privilégio imenso por conhecer gente como tu, ainda que virtualmente.
Um abraço

Memória transparente disse...

Gostei de ler esta selecção poética.

Beijinhos.

José Leite disse...

Uma pérola digna de antologia...

Dono do Bar disse...

Seu blog é uma delícia. Ótimos textos, belas fotos. Fiquei apaixonado por um casario da Rosário Andrade. Eu voltarei.

Abraços.

DB.

Anónimo disse...

A excelencia das palavras com que nos brindas deixa-me muda...

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….(¸.•“´(¸.•“´ `“•.¸)`“ •.¸)
......d88888bd888b.
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.....888888P`Y8888P.
.....Y888888.....( , \_.
....,_Y88(.................)....*Passo para te ler...
....Y888888b.......__\..
.....“8“888P........(_.... para saber como estás...
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...........~;~~\~..... * Para te deixar um beijo
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..........|___|.|............ e desejo boa semana!!!!
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«`“•.¸.♥ Nadir ♥ ¸.•“´»
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A. Pinto Correia disse...

Serão sempre. Só os "vencedores2 de hoje não se dão conta disso.
Beijos, O.

as velas ardem ate ao fim disse...

Simplesmente o meu muito obrigada.

bjinhos

Afrodite disse...

Minha Menina,
Partilho contigo a admiração pelo Manel do Montado.
Tens aqui um belo poema de Bertold Brecht.

Não partilho da da esperança hegeliana do 'vir-a-ser'.

E nem a sociedade platónica transformou os filósofos em reis, nem Rousseau demonstrou como se concretizaria o milagre de cada indivíduo poder
receber a educação de um princípe.

Engels e Marx são referências históricas, não mais a minha Bíblia

O "Homem Novo" é uma utopia. A semente revelou-se impura.

Mas nem tudo isto, minha Menina, me retira a capacidade de continuar a dizer "Não"!

MJ disse...

Bom dia.

Adorei este poema de Brecht. Adoro Brecht. É giro... quando fui obrigada a lê-lo, durante o curso, não gostei. Só mais tarde aprendi a apreciá-lo.

Obrigada pela tua visita ao meu blog e pelas palavras que lá deixaste. Pelo que pude perceber, indentificamo-nos bastante. E isso é muito bom :-)

batista filho disse...

a exortação à resistência é sempre salutar. no presente caso, através de poema tão inspirado, melhor ainda! deixo o meu abraço fraterno e solidário.

LucioInferro_Adolfo disse...

AU AU AU AU AUAUAUAUAUAU AUAUAU
AUAUAU AUAU AUAU
RUFF RUFFF
GRRRRR GRRRRR
AU AU AU AU AUAUAUAUAUAU AUAUAU
AUAUAU AUAU AUAU

Anónimo disse...

Menina é um prazer imenso ler aqui Brecht.

É um prazer ainda maior, associar Brecht ao tema do Manel que já fui ler! Muito a propósito!
A minha admiração por si é cada vez maior, porque consegue juntar com elegância e mestria temas tão essenciais e realistas. Como outros aliás, que tenho lido neste Blog.

De Brecht deixo-lhe este, que é um dos meus preferidos:

"Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilónia, tantas vezes destruída,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Só tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou as Índias
Sozinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais a ganhou?

Em cada página uma vitoria.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?

Tantas histórias
Quantas perguntas"

*Perguntas De Um Operário Que Lê.*

Cpmtos do J.N.

maresia_mar disse...

Olá
apesar de tudo podemos considerar este poema de esperança...
Deixo-te um beijo com sabor a maresia rejuvenescida!