sexta-feira, fevereiro 15, 2019

Caminhando...

Ao som da música que envolve meus sentidos, recordo um episódio recente num dos meus habituais passeios diários.
Não sendo costume caminhar por aquela rua movimentada demais para meu gosto, atravessada por passadeiras (sem semáforos) que, raramente, são respeitadas pelos automobilistas.
Chego a meio do passeio onde, um jovem de altas pernas, de auriculares e, um aparelho que não distingo o que seja, numa das mãos (provavelmente tlm), atravessa em quatro passadas a larga rua sem tirar o olhar do mesmo. 
Duas jovens, de mochilinhas cor-de-rosa penduradas nas costas, risinhos cúmplices, pés dentro e fora do passeio, conversam animadamente.
Atrás delas, de mãos dadas, avó e neta, como vim a constatar.
Os automobilistas vão passando, alheios à passadeira e a quem nela quer atravessar.
A jovem que não teria mais de uns oito anos, comenta admirada:
- Viste, Vó, aquele rapaz nem olhou. Atravessou a rua daquela maneira e o carro é que teve que se desviar. 
- E depois admiram-se se são atropelados - responde a senhora. Nunca faças isso...
- Eu cá não! - responde a garota.
Os carros vão passando até que repentinamente, um desacelera e pára quase em cima da passadeira, fazendo-nos sinal para avançarmos.
As jovens avançam rapidamente entre risinhos e conversa.
De mãos dadas, à minha frente, mais devagar, avó e neta iniciam a travessia, agradecendo com um sorriso à condutora. Eu fiz o mesmo.- Viste, Vó? As raparigas nem agradeceram - reclama com vozita admirada a jovem. Mas deviam, não achas? 
- Talvez pensassem que era obrigação do condutor, sei lá. Nós agradecemos e é o que importa. É assim que deves sempre fazer.
- Isso sei eu, Vó. Mas tu não achas que… 
O meu passo mais apressado impediu ouvir o resto da conversa. Interiormente sorrio pela observação da jovem.
Penso no meu “papel” de automobilista e peã. 
No quanto é agradável ver o sorriso na cara de alguém quando se dá passagem.

Por isso sorrio quando sou peã.
(Inicialmente escrito no FB)


Imagem Google


12 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Às vezes o mais básico civismo surpreende.
E não devia ser assim.
Bfds

Graça Pires disse...

A falta de civismo dos automobilista e também dos peões é muita.
Como gostei de ler este seu relato do dia a dia, minha Amiga. Já tinha saudades.
Uma boa semana.
Um beijo enorme.

Anónimo disse...

Não falta quem ignore o sinal ou passadeiras que mande parar, tanto automobilistas como os peões, depois os acidentes acontecem.

Bom fim-de-semana

Rosa dos Ventos disse...

Confesso que nem sempre sorrio mas quase sempre levanto a mão e apresso o passo! 😁

Abraço

Isabel Filipe disse...

Olá amiga
hoje resolvi dar uma volta pelos blogues a ver quais ainda estão abertos.
Gostei de te ler.
Beijinhos
Isabel

SOL da Esteva disse...

Retrato, o teu, que deveria ser considerado e meditado por todos.
Excelente Post.


Beijo
SOL

Humberto Maranduva disse...

Este seu texto, em tudo quanto nos transmite, já quase vai sendo um "clássico" do comportamento evasivo ou desvairado desta nossa malta jovem, quando atravessa a rua de um passeio para o outro - uns nem sequer se contextualizam, alheados que estão no seu mundinho de fantasia alienante; outros, ainda que se apercebam da realidade, extrapolam-na, até porque ser educado não faz parte da "sua praia". E estamos no primeiro quartel do século XXI. Sempre a retroceder civilizacionalmente.
Bjs.

Marta Vinhais disse...

Isto lembra-me um episódio que presenciei há uns anos... O sinal abre para os peões, as pessoas começam a atravessar, mas ouve-se a sirene de uma ambulância. Paramos todos, deixamos passar a ambulância, mas houve um carro que aproveitou a " deixa ". Passou tão rente a um senhor que este bateu-lhe com os punhos no capot e gritou-lhe " É para a ambulância; tu não!".
Infelizmente, ninguém respeita ninguém e ficam todos muito aborrecidos se alguém chama a atenção.
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

tulipa disse...


Olá Otília

Primeiro faço referência ao comentário que deixou num dos meus blogues.

Precisamente pelo que diz...Há anos que não viajo, por isto e por aquilo...
é que eu enquanto posso não páro, vou a todos os lados que puder
enquanto tiver forças e saúde...um dia chegará que vai acabar.
Nem quero pensar nesse dia!

Pois, não tenho animais que me prendam, mas precisamente por isso algumas pessoas vão adiando viagens e passeios.

E EU fico muito feliz e sinto-me realizada por ler isso:
"contento-me em alegrar-me com as viagens de outros, como é o teu caso!"
É precisamente essa a minha "missão", para aqueles que por este ou aquele motivo não o podem fazer.

Também eu gosto sempre de recuperar amizades da blogosfera antigas.
Um grande beijo!

Vamos agora ao post:
Bom saber que fazes passeios diários, eu não faço,
ando sempre a prometer a mim mesma que vou começar mas vou adiando,
agora quando chegar a Primavera sem frio e sem chuva
a ver se começo a sério.

OH isso queria eu, ter a minha neta como companheira!

Acabei de fazer 2 posts, se quiser espreitar:

http://meusmomentosimples.blogspot.com/

e, aqui:
http://pensamentosimagens.blogspot.com/

Boa semana,
beijinho da Tulipa

Agostinho disse...

Mais importante que a Lei é a educação cívica.
Parece-me ter-se perdido o sentido do outro, do direito e do dever.

Tudo de bom por esse lado, Menina.

Jaime Portela disse...

Não é por acaso que o número de atropelamentos é enorme. Automobilistas nada respeitadores e peões distraídos serão as principais causas.
Menina, um bom fim de semana.
Beijo.

Manuel Luis disse...

E para onde é que olhas? Para os olhos do condutor, o veiculo, é um condutor. Agora com os vidros escurecidos, é esperar que o veiculo pare, e com boa vontade sorrir e agradecer.
Bjs