segunda-feira, outubro 27, 2014

o mar todo nos meus olhos

Edward Hopper

Hoje, que tenho o mar todo
nos meus olhos, subo à torre do farol
para avistar o perfil silente dos barcos
e adivinhar a indecisa linha
que separa a noite da madrugada.
A navegação costeira faz-se ao mar.
Reparo então que os pescadores
não precisam de mapas para a faina.
Têm talhado no rosto o rumo dos cardumes
 e uma rosa-dos-ventos engastada em cada mão.

de Espaço livre com barcos, 2014

a pág.s  23

sexta-feira, outubro 10, 2014

Olhos de Vida

Não tenho palavras para exprimir a comoção que provocou em mim o lançamento de Olhos de Vida, o meu segundo livro de poesia.

O evento realizou-se no magnífico espaço do Convento Corpus Christi e contou com animação musical do professor Orlando Mesquita e do Grupo de Violas e Cavaquinhos da USRM.

Momentos de eloquente declamação foram protagonizados por Alzira Santos, Cristina Pessoa e Eduardo Roseira.

A abertura do evento esteve a cargo de Teresa Gonçalves.

Prometo nas próximas postagens falar mais deste momento e de quem me acompanhou.

Começo por partilhar as palavras proferidas pela minha querida amiga Fátima Fernandes (Amita) e autora do Prefácio: 

(clicar nas imagens)

Apresentação “Olhos de Vida”

Foi através da blogosfera, inicialmente no Sapo, que comecei a ler e comentar a Menina Marota e a seguir o seu percurso poético.

Até que um dia, a meio de um sarau de poesia em Vermoim, ela entrou silenciosa e sentou-se, atenta, numa cadeira ao fundo da sala.

O Zé Gomes, coordenador da sessão, perto do final pediu que se identificasse.

Ao ouvirmos “Sou a Menina Marota”, todos nos voltámos para trás e sorrimos pois era sobejamente conhecida, estimada e respeitada no mundo virtual.

Assim foi iniciada uma grande amizade. E já lá vão longos anos….

Otília Martel caminha, desde mocinha, nos meandros da poesia com uma paixão imensurável.
A sua fértil inspiração levou-a à criação de vários blogues, como: Refúgio, Alma Minha, Eternamente Menina e Menina Marota (estando estes dois últimos em servidores diferentes).

Criou igualmente, sob anonimato, o blogue Poesia Portuguesa, apenas destinado à divulgação da obra de poetas portugueses desconhecidos do público.

Com a chegada do Facebook, a que aderiu, foi a fundadora do “Clube dos Poetas Vivos” para divulgação e incentivo à criação poética e que, presentemente, já conta com mais de 15.700 membros.

Lembro-me de uma citação de Eugénio de Andrade que disse: “Foi sempre pelos olhos dos nossos poetas que o português viu mais longe e mais fundo”.

Quando me convidou a fazer o prefácio deste livro “Olhos de Vida”, limitei-me a escrever o meu sentir ao ler os seus poemas e textos, pois, na minha opinião (claro!) já tudo tinha sido dito nos posfácios incluídos nesta obra, feitos por excelentes escritores e poetas, embora respeitantes ao seu 1º livro “Menina Marota, Um desnudar de Alma”.

Permitam-me a ousadia de aconselhar-vos a lê-los.

Cumpre-se-me acrescentar que, em “Olhos de Vida”, é notório o crescimento poético-literário da Otília.

Em simples palavras, ao ler a “escrevinhadora” (como ela gosta de se denominar), elevam-se-nos sentimentos de: generosidade, sensibilidade, sonho, emoção, dor pelos outros, contestação, versatilidade, sensualidade, paixão, saudade de tempos idos, introspecção, força que a move, Amor, amor e mais amor…
Tudo isto numa escrita subtil e de uma ternura imensa.

Sendo uma eterna buscadora do Belo (na essência dos outros e na sua), através da sua peculiar e encantadora escrita e sentir apurado, Otília Martel brinda-nos com mais uma excelente obra.

Termino citando Ana Hatherly:

 “Descobrindo-se, o poeta personifica, representa.
 Nos melhores momentos descobre o que nem sequer encoberto estava,
 porque o que ele faz é ver a oblíqua eloquência ou o encanto do que,
 sem ele, não seria.”

Obrigada, Otília!

Fátima Fernandes
     4.10.2014