segunda-feira, agosto 11, 2014

Destas manhãs...

Pintura de Helen Cottle 


Olho distraídamente os ponteiros luminosos. Sete horas!
Levanto-me de um salto acordando o Sting que, ensonado, me olha inquiridor.
Gosto destas manhãs quase outonais. A frescura que entra pelos poros. O cantar dos pássaros acordando o dia. A tonalidade do arvoredo que distingo para lá das janelas.
O aroma das flores ainda adormecidas que sinto embalar-me os sentidos.
Apetece-me escrever.
Não o que me vai na alma mas o que a natureza produz em mim.
Apetece-me os pés na areia fria da praia que percorro tantas vezes.
O cheiro suave da maresia confunde-se com o da terra ainda húmida da orvalhada da noite.
Há um memorando nos meus pensamentos que corre vertiginosamente dentro do meu olhar.
A melodia da manhã faz eco na paisagem onde vultos se destacam nos seus passos apressados.
Um bando de pombas em direcção ao levante segue a rota do seu destino.
Sinto-me no centro do mundo onde nada e tudo acontece. Uma paz invade-me.
Encontro-me comigo neste vaivém quase imaculado de um tempo que derrama no meu corpo todos os momentos sofridos.
Vôo
Em direcção ao mar.