segunda-feira, dezembro 30, 2013

… e 2013 está a findar.


Juntos, percorremos, nesta página virtual, vários momentos que nos alegraram ou entristeceram. É assim a vida e continuará a ser. Triste e alegre. Alegre e triste. 

Balanços de vida onde a esperança deverá ser a última a finalizar.

O saldo que se transfere para o ano que está a chegar, a muitos, é negativo.

O meu, confesso, é positivo: 2013 trouxe-me venturas que pensei nunca alcançar. E, transmuto-as, para os anos vindouros enquanto em mim tiver um sopro de vida.

Carpe diem.




Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem: outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.

Porque tão longe ir pôr o que está perto –
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.

Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
o dia, porque és ele.

Odes de Ricardo Reis,
 in "Obras Completas" de Fernando Pessoa,
Volume I, a págs. 291



domingo, dezembro 22, 2013

É quando um homem quiser...

Com um abraço de carinho, desejo a visitantes, comentadores e, amigos em geral, Boas Festas na partilha dos afectos que nos une.   



Tu que dormes a noite na calçada de relento
Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
És meu irmão amigo
És meu irmão

E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
E sofres o Natal da solidão sem um queixume
És meu irmão amigo
És meu irmão

Natal é em Dezembro

Mas em Maio pode ser

Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da mulher

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e combóios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão amigo
És meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
És meu irmão amigo
És meu irmão

Natal é em Dezembro

Mas em Maio pode ser

Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da mulher

Poema de José Carlos Ary dos Santos


quinta-feira, dezembro 12, 2013

Dezembro

Último mês de um final que se anuncia
E voltam todos os outros envoltos nos mistérios em que se designam
E voltam as palavras e os desafios
E voltam os homens de boa e má fé
E voltam os sorrisos e as lágrimas
E voltam as promessas
(As que se cumprem e as que nunca se cumprirão)
E volta a Primavera e o Verão
E volta o sonho e a angústia
E sobe o poder e a fome continua
Voltam a verdejar as folhas que no chão caíram
E nos ramos agora despidos as flores recomeçam a florir.
Outro ciclo se inicia.

 

"Não te esqueças de mim,
dizem os homens uns aos outros,
afastando-se."
(Casimiro de Brito)