sexta-feira, outubro 25, 2013

Reminiscências...

Um pouco de loucura nunca fez mal a ninguém, dizia o meu avô.

Recordo bem, apesar de ser bastante pequena (também não cresci muito mais, ok, concordo, eheh), das palavras dele quando o meu pai o censurava pelas suas saudáveis loucuras.

Ele era uma pessoa extremamente positiva e alegre. Só via o lado bom dos outros e alinhava nas minhas brincadeiras, escondendo, algumas vezes, as traquinices que eu ia fazendo.

A sua imagem está viva em mim. Cada vez mais.

Não será alheio o facto de eu também já ser avó. A desejar que o tempo passe depressa para viver o meu neto em pleno e a fechar os olhos, como o meu avô fazia, a algumas traquinices próprias da idade.

Recordo a sua voz forte mas que se tornava meiga quando falava comigo. Recordo os passeios por Sintra e, acima de tudo, recordo férias passadas na aldeia que me trouxeram o amor pelos animais, pela liberdade da natureza, pelos banhos no rio, pelas tardes calmas quando lia em voz alta ou contava as suas fantásticas histórias de juventude e o seu amor pelos cavalos.

Ou quando lançávamos papagaios de papel na Praia das Maçãs…

Vieram-me à memória todos estes pensamentos enquanto olhava, pela janela, o mar no horizonte.

Tempos felizes que recordo com um carinho absoluto. Reminiscências de uma época que me parece tão próxima como se o tempo tivesse parado.

Pintura de Jimmy Lawlor

As palavras são 
como gotas de água.
Lentamente, 
vão criando
um calmo lago
de recordações
dentro de nós,
transformando-o,
velozmente,
num mar de emoções. 

quinta-feira, outubro 03, 2013

Entre o objectivo e o subjectivo

A chuva ajuda a apagar o calor da terra e os espíritos mais incendiários.

O som dela e do piano acalmam-me.

Penso nos momentos descontraídos da minha infância, na terra do pôr-do-sol, com os seus cheiros, cores e sabores tão especiais.  

Lembro os amigos que nunca mais vi. Lembro as mãos que nunca mais apertei.

E lembro o som do casco dos cavalos no mar da "minha" Ilha levantando gotas pequeninas de chuva que molhavam o cabelo e eu gargalhava feliz desafiando os outros cavaleiros para uma corrida.

Tão longe e tão perto esses momentos.
  
Decisões de vida se tomaram e me transportaram a uma realidade outra.

E nessa realidade sobrevivo a cada dia no âmago de destinos que se cruzam mesmo sem os pedir.

Olhar destinos passados, presentes e futuros, realçando o objectivo e o subjectivo que eles encerram faz-me desejar não perder as forças e manter-me à tona do desfecho final.

 (desligar a música de fundo para ouvir o vídeo, p. f.)