segunda-feira, agosto 13, 2012

Miss Kafka

Imagem de autor desconhecido


Miss Kafka está de volta.

Seguidora que fui dos seus dois blogues, foi com tristeza que os vi, de um dia para o outro, não serem actualizados.

Foi, portanto, com alegria que a vi retomar as palavras que me encantavam no Ab Absurdo de onde trouxe este texto:

Talvez possa começar hoje. Partir do caos e enveredar pela infinita panóplia de caminhos entrecruzados, sem nascente nem mar para desaguar. Procuro no dentro tudo o que não foi possível encontrar fora. Esquecendo a lei dos espelhos que rege a relação entre os dois...

A folha branca mostra-me ininterruptamente o quase e o aquém. Insuportavelmente incapaz de traduzir o além, apesar de tão real, tão visceral, tão presente. É sangue sem cor. É língua sem papilas gustativas. É cheiro de memórias que não se recordam, vazias e ausentes.

A palavra espartilha o pensamento, enche-o de dor. Se tivesse rosto, seria um esgar inoportuno. Hoje. Hoje que se sentam a uma distância respeitosa. Hoje, presente parado, na repetição incessante do ciclo dos dias.

A palavra não traduz o que se pensa e o que se sente. Ainda. Hoje. Só hoje.

É bom ter-te de volta, Miss Kafka