sexta-feira, abril 27, 2012

Flor de Letras

Imagem de Luiz Edmundo Alves

Docemente, alinho palavras
na entretecida canção de sal e água.

Por vezes, ao seu redor
esvoaçam picos, formas de pássaros,
coloridos alinhavos sob um fogo encantado

Olho-os na voz do silêncio desfolhado.

Se por vezes sinto em acalmia a brasa,
outras, estremeço pelo vazio
gritante que clama a inconsistência,
a lenta perdição da mente
pelo deserto de inconstância desperto
que da chama nada entende
nem da verdade

Quisera ser aroma em flor de letras e,
gota a gota, elaborar a palavra em falta
quando cada verso de dor e treva
transforma em dúctil manto
essa voz de pranto e mágoa

Às vezes, vibrante, penso
silenciar o remoinho do espaço
e sorrindo docemente espalho
no fogo, o sal, a água
da eterna estrada em cascata

Poema de
Fátima Fernandes (Amita) in "Transparência de Ser"

quarta-feira, abril 25, 2012

25 de Abril (Sempre!)



Num só dia os deuses assinalaram
o ciclo de negrume e crueldade
que se expandia na pátria. E pararam
tudo o que, sendo inverdade,

feria fundamente todos quanto
da terra não mais queriam que a paz.
E num momento tudo foi espanto
do que pode construir-se e se perfaz

quando pelas ruas a alegria vem à luta
e o novo dá lugar ao que era velho.
Foi esse dia não mais do que vermelho

e deuses fomos na bênção absoluta
em que a exaltação de um foi a de mil
por todo o júbilo que nos trouxe Abril.

inédito - de, © Amadeu Baptista


sábado, abril 07, 2012

Esta Páscoa...

...resolvi partilhar algo de diferente e por isso socorri-me do querido Amigo José-António Moreira para vos oferecer Vinicius de Moraes



(desligar p. f. a música do blogue para ouvir o vídeo)


“E rezo a estrela, a pedra, a flor acesa
A urze dos montes,
As claras fontes,
A aurora da alegria, o poente da tristeza.
E nas preces que eu rezo, com fervor,
Deus revive e liberta-se da Cruz.
E a Deus regressa a terra, a pedra, a flor,
A luz...”
(excerto)

de, Teixeira de Pascoaes