sábado, fevereiro 14, 2009

... façamos de conta

Confesso que há muitos anos deixei de me interessar por política abandonando as actividades que, por amor à “camisola”, me fizeram correr durante alguns anos, talvez porque perdi a inocência de acreditar que os políticos andavam, igualmente, por amor a formas de luta por um mundo melhor.

Mas, esse facto, não implica que tenha deixado de continuar a ser uma observadora, bem critica, a tudo o que se passa em meu redor.


Não concordando, muitas vezes, com muitas coisas e, em especial, com a forma, por vezes, alarmante e bombástica de dar certas notícias, não posso deixar de partilhar o artigo de Opinião de Mário Crespo, no Jornal de Noticias (passe a publicidade ao meu amigo J.N.)

 Imagem Google


"Está bem... façamos de conta"


"Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões (contos, libras, euros?). Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.

Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês.

Façamos de conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que, pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris irrepreensível.

Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu.

Façamos de conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não passa de uma invenção da média.

Façamos de conta que o "Magalhães" é a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar acções de propaganda do Governo sobre a educação.

Façamos de conta que a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do melhor que há no Mundo.

Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse que "quem se mete com o PS leva".

Façamos de conta que Augusto Santos Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na Direita" (acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda).

Façamos de conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport.

Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro e sem confianças de natureza pessoal.

Façamos de conta que Edmundo Pedro não está preocupado com a "falta de liberdade".

E Manuel Alegre também.

Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso comparar o Caso Freeport ao Caso Dreyfus. Façamos de conta que não aconteceu nada com o professor Charrua e que não houve indagações da Polícia antes de manifestações legais de professores.

Façamos de conta que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são normais e de boa prática democrática as declarações do procurador-geral da República.

Façamos de conta que não há SIS.

Façamos de conta que o presidente da República não chamou o PGR sobre o Freeport e quando disse que isto era assunto de Estado não queria dizer nada disso.

Façamos de conta que esta democracia está a funcionar e votemos.

Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada há-de acabar-se como todas as coisas.

Votemos Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja. Votemos por unanimidade porque de facto não interessa.

A continuar assim, é só a fazer de conta que votamos."

(Mário Crespo in Opinião, Jornal de Notícias, 09 de Fevereiro de 2009)


E porque hoje é dia de comemorar,

 desejo a todos os apaixonados e… não só…




17 comentários:

Anónimo disse...

Claro que agradeço a publicidade minha jovem amiga!
Fui imediatamente alertado e imagina por quem :-) é isso mesmo também te lê.
Enviei-te o endereço que me solicitaste mas concretamente não sei se será o actual. Tenta de qualquer maneira que eu vou investigar o resto.
Um optimo artigo este do Mário Crespo que muita gente deveria ter em atenção porque ele faz um grande alerta ali.
Permite-me que te beije já que hoje é o dia dos apaixonados
JN

Anónimo disse...

Otília
Também eu,enfastiado (para não utilizar outro termo que seria mais apropriado) me afastei da política.
Mas,interessado e atento, como tu, registo tudo quanto se passa à minha volta.
Gostei muito do artigo do Mãrio Crespo e apetece-me acompanhã-lo:
"FAÇAMOS DE CONTA"

Carlos Martins

mfc disse...

É aterrorizadora a desfaçatez dos que nos governam!

Anónimo disse...

Há muito que tudo neste pais é um faz de conta.
Os políticos fazem e arrecadam as contas. O povo paga as contas.
Pronto! Fazemos de conta.

Anónimo disse...

Assino por baixo a 300%
beijinho do
Z.

Mar Arável disse...

Não é possível fazer de conta

mesmo em dia de namorados

A coisa é grave

aminhapele disse...

Namorar,é mesmo a sério.
O resto,é que faz de conta...

Paula Raposo disse...

Já agora...façamos de conta que somos humanos! Beijos.

Anónimo disse...

Sabendo-te um coração apaixonado e sensível corri aqui para ver qual seria a tua postagem no dia dos namorados e fiquei um bocadinho desiludida por ver o tema mas no final o meu coração alegrou-se!!! não te esqueceste deste dia!!!!!
que tenhas namorado muito e continues a fazê-lo e bem é o que te desejo do coração!!!!
kisssssssssss da Anita

e a talho de foice concordo a 500% com o meu querido amigo Crespo!!!!

Ana Paula Sena disse...

Gostei muito do teu ursinho de S.Valentim!

E...estejamos sempre atentos! A tudo.


Um bj e um bom domingo, MM :):)

zeladorpublico disse...

Artigo muito acutilante..já tinha lido...tudo de bom

Anónimo disse...

Fazer de conta é giro...

Maria disse...

Que as desilusões políticas não deixem de levar os eleitores às urnas, nos três actos eleitorais que teremos este ano.
Para não fazermos de conta, como adverte Mário Crespo.

Teresa/Mei

Jaime A. disse...

Mantenho a minha teimosia quase irracional: entro na cabina de voto, por ser talvez das últimas heranças que Abril nos deixou. Uma herança é, mais do que um direito, é um dever de apropriação: porque trata-se de tomar posse daquilo que nos pertence, que é nossa herança de sangue, genética...

Amita disse...

Façamos de conta.................
Assim, desta forma singela e desprendida, qualquer "fazer de conta" mesmo que não conte... se torna mais leve.......
Um lindo dia para ti

Eduardo Santos disse...

Olá amiga - desculpe o termo cordial, mas é o meu hábito. Então, porque não fazermos de conta? Recordo-me que uma das minhas brincadeiras de infância era o "faz de conta" e certamente que também foi de muitos. Quanto à política, passou-me ao lado, embora seja um observador atento desde os meus tempos de juventude. Na política aquilo que me preocupa não são os políticos, mas sim a forma como "fazem" política. Tenho um sonho - que infelizmente não verei realizado - era que os políticos recebessem apenas o ordenado mínimo, por que o "trabalho" para o bem comum deveria ser feito em regime de voluntariado. Tenho quase a certeza que deixávamos de ter o tipo de políticos que temos. Mas como tristezas não pagam desgraças, perdão, dividas, "vamos fazendo de conta" que isto qualquer dia melhora. Tudo de bom para si.

Anónimo disse...

Um exercício que recomendo é o de estudarem as vozes que nas democracias ajudaram a fazer eclodir supervenientes ditaduras. Terão uma surpresa. Verão que têm o estilo, o tom e o fundo ideológico de alguns desses comentários.

Não tenham ilusões: em democracia há uma responsabilidade de quem governa, mas também há uma resposabilidade de quem critica.

E nunca esqueçam: destruída a política resta a pura relação de forças. E então os fortes deixarão os fracos fazer apenas o que não ponha em causa o poder de facto dominante.