sexta-feira, janeiro 18, 2008

José Carlos Ary dos Santos (7/12/37-18/01/84)

Lembrar o Homem, lembrando o Poeta…


Ary dos Santos


Fecham-se os dedos donde corre a esperança,
Toldam-se os olhos donde corre a vida.
Porquê esperar, porquê, se não se alcança
Mais do que a angústia que nos é devida?

Antes aproveitar a nossa herança
De intenções e palavras proibidas.
Antes rirmos do anjo, cuja lança
Nos expulsa da terra prometida.

Antes sofrer a raiva e o sarcasmo,
Antes o olhar que peca, a mão que rouba,
O gesto que estrangula, a voz que grita.

Antes viver do que morrer no pasmo
Do nada que nos surge e nos devora,
Do monstro que inventámos e nos fita.


José Carlos Ary dos Santos in Soneto

38 comentários:

Joaquim Amândio Santos disse...

o que é o conhecimento?

visão directa do corpo e da atitude?
prolongado caminho nem que condutor à saturação encapotada?

Vivência superficial feita de fait-divers e não de curiosa partilha sem hora nem condicionalismos marcados?

Será assim tão impossível iniciar o conhecimento na distância? julgo que não e defendo tal desiderato.


ASSIM AQUI DEPOSITO A MINHA HOMEGAEM AOS BLOGGERS, ESSES ALADOS TRANSMISSORES DE LAÇOS DE PARTILHA!

Anónimo disse...

Chorei no dia da sua morte e fizeste-me soltar lágrimas aqui agora a ler um dos mais bels sonetos que lhe li.
R.I.P

Z.

Anónimo disse...

Olá menina, que surpresa boa senti ao perceber que estiveste cá. Foi muito tempo mesmo sem a tua presença, mas agora, quem sabe, a terei mais pertinho de mim, para a minha alegria.
Belas são as palavras de Ary dos Santos.
Acredito no amanhã, nada mais. Quem cultiva a esperança de olhar para frente tem a consciência dos corajosos.
Beijos e fico a ouvir esta bela e suave música.
Anne

Luis Ferreira disse...

Vim conhecer o teu mundo e apenas quero dizer que este teu post é fantástico... Um belo momento, uma bela homenagem.

Sem palavras

Bj

Carol disse...

Uma bela e merrecida homenagem...
Passei para agradecer o comentário ao meu texto, publicado no Silêncio Culpado.
Vou voltar sempre que me seja possível.
Bom fim de semana.

Manuel Veiga disse...

Excelente homenagem. fazes bem lembra-(me)

há esquecimentos inexplicáveis...

beijo

Espaços abertos.. disse...

Linda homenagem a um mito que não se esquece.
Umóptimo fim de semana cheio de paz,amor e muita harmonia.
Bjs Zita

Jorge P. Guedes disse...

BOA! Não sabia que era o dia do Ary!

Poeta truculento, de intervenção, uma merda de poeta para uns e, para outros, uma voz insubstituída ainda na esfera da nossa, digamos, "petite littérature".

Não era um intelectual da escrita, mas sim um fulgurante jongleur de palavras. Poeta de imagens, de metáforas, preferia o verbo ao adjectivo.

Faz, hoje, muita falta!

Um abraço, Menina.

Jorge G

Maria P. disse...

Excelente homenagem.

Beijinho e bom fim-de-semana*

aminhapele disse...

Bela homenagem a um poeta da liberdade.

José M. Barbosa disse...

Tocante esta memória do Ary. Que Grande Poeta.
Amissíssimo do meu tio João da Câmara Leme com quem privei até aos meus 24-25 anos.

Z.

Anónimo disse...

Queridissima Amiga fiquei sem palavras, eu que vinha aqui brincar consigo pelo estupendo email que me mandou e, encontro aqui um ícone da poesia portuguesa.
Esta imagem uma das mais bonitas que conheço do Ary toca o meu coração por uma lembrança que um dia lhe contarei.
Pemita-me que lhe beije as mãos
JN

Teresa David disse...

Gosto muito da poesia do Ary como gostava dele nos seus excessos de raiva ou de ternura, fruto dessa personalidade tempestuosa que o povoava. Aliás já escrevi uma história sobre ele que na altura não sei se leste. Tive o previlégio de passar muitas noites de copos e troca de ideias com ele.
Bjs
TD

Onda Encantada disse...

Lindo!

Amei este poema deste Grande Homem.

Viver a vida, fluindo dia-a-dia.
Porque esperar e o que esperar amanhã, se nos esquecermos de viver o hoje?
Numa esperança fugidia que nem sabemos se alcançaremos.

Vivendo o agora, e eternizando o momento no nosso coração.

Profundo abraço de gratidão, por ti, e por me teres dado a ler estas palavras que são um alento para a alma.

Excelente fim de semana para ti e muita PAZ :)

Onda Encantada

Anónimo disse...

Depois de tudo o que foi dito nada me resta dizer a não ser OBRIGADO por lembrar ARY, por este soneto e por esta música maravilhosa que transmite uma paz imensa ao espirito
Bem haja por ser como é, Marota!!
Mil beijos no seu coração
Daniel

Anónimo disse...

Tive o privilégio de o conhecer pessoalmente, era eu ainda um miúdo à descoberta das palavras e dos sentimentos. A partir desse dia tudo mudou.

Grande ARY!!!!!

Anónimo disse...

Homenagem digna ao poeta que marcou a sua geração. Não teve é tempo para mais...Bjs

david santos disse...

Olá, menina_marota.
Até sempre, Ary! Meu amigo pessoal e sempre o será. Não há quem possa retirar-nos do pensamento o nosso sempre existente, Ary!
Parabéns.

muguet disse...

tanto mundo ainda por descobrir...
obrigada pela ajuda preciosa :)

Susana Júlio disse...

Não se esquecem os mestres.
Alimentar-se da revolta e fazer dela apenas o motor que faz girar a Vida de cada um, a força que movimenta.

Bem escolhido.

Um beijinho aqui da Teia.

aminhapelle disse...

Aqui cheguei através do PEDECABRA.
ARY é um dos meus preferidos.
Um HOMEM E UM ESCRITOR DA LIBERDADE.
Associo-me à homenagem,com palavras de ARY

A GULA
Comemos vegetais e animais.
Bebemos vinho.
Respiramos fundo.
Somos normais. Apenas
devoramos o mundo.

lena disse...

vim sentir-te menina linda

acabei por ficar emocionada lembrando o POETA

senti-lo aqui recordado por ti teve um sabor especial, só quem sete sabe lembrar o HOMEM

Ary vive dentro do que nos deixou

partilho mais um dos seus belos sonetos:


Injustiça

Pregada numa cruz, por entre a bruma
A minha alma de angústias e pecado
tem a leveza aérea de uma pluma
E a maldade da vida, lado a lado.

Também chorei, em lágrimas de espuma,
Num cântico de dor alucinado
A minha inquietação que em pranto esfuma
O meu canto cinzento e macerado.

Porque será que a chama da verdade
Não passa de uma luz, difusa e calma,
Que os mortais tem medo de encarar?

Senhor! Senhor! Que mundo sem piedade,
Onde negam aos homens o ter alma
E aos tristes o direito de chorar!


José Carlos Ary dos Santos

é sempre um prazer entrar aqui e descansar um pouco em cada uma das tuas partilhas.

abraço-te com carinho, menina linda, beijinhos muitos para ti

lena

Anónimo disse...

Bem lembrado, Adryka

Tem um bom domingo
Beijinhos*

Anónimo disse...

Bem-aja por nos dar este pedacinho da obra do grande Ary..

Maria disse...

Excelente homenagem ao Zé Carlos.
Para que não se esqueça, deixo-te aqui outro soneto dele:

Não me digam mais nada senão morro
aqui neste lugar dentro de mim
a terra de onde venho é onde moro
o lugar de que sou é estar aqui.

Não me digam mais nada senão falo
e eu não posso dizer eu estou de pé.
De pé como um poeta ou um cavalo
de pé como quem deve estar quem é.

Aqui ninguém me diz quando me vendo
a não ser os que eu amo os que eu entendo
os que podem ser tanto como eu.

Aqui ninguém me põe a pata em cima
porque é de baixo que me vem acima
a força do lugar que for o meu.

Um Homem truculento, com um coração Enorme....

Beijinho

José M. Barbosa disse...

Está lá outro do Ary.

Z.

jorge esteves disse...

É imortal quem é lembrado!
(é imoral matar quem não morreu)

abraço, amiga.

Anónimo disse...

*Meu corpo
é um barco sem ter porto
tempestade no mar morto
sem ti.

Teu corpo
é apenas um deserto
quando não me encontro perto
de ti.

Teus olhos
são memórias do desejo
são as praias que eu não vejo
em ti.

Meus olhos
são as lágrimas do Tejo
onde eu fico e me revejo
sem ti.

Quem parte de tão perto nunca leva
as saudades da partida
e as amarras de quem sofre.

Quem fica é que se lembra toda a vida
das saudades de quem parte
e dos olhos de quem morre.

Não sei
se o orgulho da tristeza
nos dói mais do que a pobreza
não sei.

Mas sei
que estou para sempre presa
à ternura sem defesa
que eu dei.

Sozinha
numa casa que é só minha
espero o teu corpo que eu tinha
só meu.

Se ouvires
o chorar de uma criança
ou o grito da vingança
sou eu.

Sou eu
de cabelo solto ao vento
com olhar e pensamento
no teu.

Sou eu
na raiz do pensamento
contra ti e contra o tempo
sou eu.

(Ary dos Santos)


*[[Para TI Menina Marota]]

mjf disse...

Olá!
Vim retribuir e agradecer a tua visita ao meu espaço.
Gostei do que li
Ary, continua entre nós através da sua obra


Beijos ( voltarei)

Luis Eme disse...

E lembraste muito bem...

abraço

Anónimo disse...

Menina Marota

venho desfazer a confusao, qd escrevi Adrika ....

Um grd beijinho para ti ;***

Anónimo disse...

As tuas escolhas continuam de grande sensibilidade e oportunidade. Lembrar Ary é uma forma de o manter vivo nos nossos corações e fiquei emocionada por o ler. Privei com ele de muito perto e recordo passo a passo todas as facetas do seu caracter rebelde.

Sem blogue que como sabes perdi o acesso a ele mas a pensar reabrir um outro de outra caracteristica, és uma das pessoas que visito mal tenho oportunidade quando páro nesta vida louca de andar para cá e para lá.
Muitos beijinhos da Lena - brevemente te escreverei a pedir uma dikas para uma certa matéria. Mas depois falo. Ok?)

Anónimo disse...

EM 18 DE JANEIRO DE 1984 A CULTURA PORTUGUESA FICOU MUITO MAIS POBRE, AINDA BEM QUE HÁ MENINA, POIS QUE OS RESPONSÁVEIS DA CULTURA EM PORTUGAL SE CAHLAR ATÉ NEM SABEM QUEM É.

OBRIGADO MENINA


A.H

Anónimo disse...

GRANDE ENORME Ary!!!

Sou fã incondicional :-)


Beijos

Joaquim Alves disse...

Ary? Who?!
Assim será para muita gente.
Já aqui ficaram tantos e bons comentários que, apenas, acrescento:
Obrigado, Menina. E...
Viva o Zé Carlos!

Joaquim Alves

Paula Raposo disse...

Gosto de tudo, tudo o que já li de Ary. É sublime, quanto a mim.

Daniel Aladiah disse...

Adoro Ary dos Santos!
Um beijo
Daniel

Unknown disse...

Eu sei como é difícil escoher um poema do Zé Carlos. Parabéns por esta opção e por nos trazer aquele que foi dos melhores poetas da língua portuguesa.
Abraço do
FERNANDO PEIXOTO