quarta-feira, março 21, 2007

Ode à Primavera

Dia Mundial da Floresta. Dia Mundial da Poesia.

Pintura de Francesco Albani (1617)


A vida anda possessa de Poesia!
Anda prenha de mosto!
Ou é da luz do dia,
Ou é da cor do rosto,
Ou então quer abrir-se, neste gosto
De pão com todo o sal que lhe cabia!

Tem narcisos de amor no coração,
Folhas de acanto nos sentidos!
E carícias na mão
A espreitar dos tendões adormecidos!

Toca-se numa pedra, e ela treme!
Murmura-se uma prece, e a boca grita!
A rabiça do arado é como um leme
Sobre a terra que ondula e ressuscita!

Quem avoluma a sombra, ou quem a teme?
Cada presença é um hino que palpita!
E se na estrada alguém discorda e geme,
Ninguém que vai no sonho o acredita!

Serás tu, Primavera?
Tu, com frutos na rama do futuro,
Com sementes nos pés
E flores inúteis sobre cada muro,
Contentes só da graça que tu és!


Miguel Torga in "Odes" ", 1946
"Poesia Completa", 2000

quinta-feira, março 15, 2007

Poema inacabado

Foi um dos primeiros livros que recebi após a minha entrada na blogosfera.
A dedicatória que escreveu logo na primeira página, ainda hoje me emociona:


"… aqui vai um exemplar do meu livro devidamente autografado.
Este é o sonho de uma Vida que hoje vejo realizado e que com muita Felicidade partilho com todos os que me rodeiam, seja na blogosfera, seja na Vida."


Aqui o partilho também, Ângela...

Imagem de Akahastu

Um poema inacabado
É como um filho por fazer
É como um beijo com sabor a sal
Um poema inacabado
É o caminho por onde vou
É o trilho que eu quero seguir
Um poema inacabado
É aquilo que eu não sou
É o amor que não amei
Um poema inacabado
É o grito que eu calei
As palavras que não falei
Os amores que eu amei
Um poema inacabado
É a diferença inaceitável
É a confusão descontrolada
Um poema inacabado
É a vida que não vivi
Aquilo que não fui
Aquilo no que me transformei
Um poema inacabado
É o meu nome talvez...



Ângela Monforte in Palavras à Solta (pág.37)

Capa do Livro

sexta-feira, março 09, 2007

Um Blog. Um livro. Uma referência...

Voltando ao meu propósito de partilhar os autores que no decorrer destes dois anos, fizeram o favor de me enviarem as suas obras, deixo as palavras que escrevi aqui há precisamente um ano, sobre Henrique Sousa, autor deste livro



“… mas o autor não é místico, nem religioso e, muito menos, cientista…”

Esta é a definição que o autor faz de si próprio, em determinado momento numa emocionante aventura, que me prendeu… do princípio ao fim!

A partir de um blog, o autor conseguiu construir um caminho vinculado na opinião de variadíssimos testemunhos, em que ele nunca se quis centrar no papel principal, fazendo uma interligação muito inteligente, de todas as matérias que queria abordar.

Falo-vos de um livro cuja leitura, terminei precisamente hoje… ” E Deus tornou-se visível...” de Henrique Sousa, que é também o autor do Blog Hora Absurda e que me mostrou a “outra face” da blogosfera… que partilho com todos vós, deixando-vos uma questão a que, o próprio autor alude…



“Haverá também energias do Bem e do Mal? Haverá forças boas e forças más?”
"…Toda a energia é a mesma e toda a natureza é o mesmo...
A seiva da seiva das árvores é a mesma energia que mexe
As rodas da locomotiva, as rodas do eléctrico, os volantes dos Diesel,
E um carro puxado a mulas ou a gasolina é puxado pela mesma coisa. “


Álvaro de Campos in "Passagem das Horas "

(in 09 Março 2006)

quinta-feira, março 08, 2007

Mulher. Feminino singular

Na lembrança de todas as palavras que se cruzaram comigo neste mundo cibernético, há presenças que efectivamente me marcaram, por isso quero aqui partilhar, o poema de um sentir bem feminino…



Imagem autor desconhecido


Hoje, quero dizer de ser mulher. Mulher, feminino singular.
Não filha de pai e mãe, menina preservada, protegida.
Não mulher de alguém, esposa amada, respeitada, com lugar certo na sociedade certa.
Não mãe de filhos(as), desvelada, dedicada, desfeita em preocupação e orgulho.

Mulher por si. Mulher em género e corpo.
Mulher que se (re)conhece ao olhar outra mulher.
Que aprende cedo a conviver com a dor física.
Que quando o desaprende, convive com outras dores.
Que tira da vida o que quer, sabendo muros que se levantam e que contorna ou derruba.
Que luta com outros seres humanos (de qualquer género) pelas suas convicções.
Que sabe da solidão. Da tristeza. Da procura do consolo.
Que pelas mãos e pela palavra conforta quem dela se abeira.
Que aprende o seu corpo como seu. Não de outrem.
Que sabe do desejo. Que o aceita.
Que sabe do prazer. Que o procura.
Que sabe do amor. Que o dá, sem limites, eterno e renovado em cada dádiva.

Poema "Mulher. Feminino singular"
da
Lique

sábado, março 03, 2007

Apelo...

Junto-me aos que procuram o CHIP, a ÍSIS e a NUT pertencentes a Teresa Durães do Blogue Voando por aí


Chip


Nut


Isis


Desapareceram segunda-feira (19 de Fevereiro) passada entre as 17h30/18 e as 19hH00 do Montijo, um Cocker Spaniel dourado (2 anos), Pastora Belga Malinois (2 anos), Pastora Alemã arraçada de Husky.

Tanto a pastora belga como a arraçada pastora alemã têm chip. O canil do Montijo já foi contactado.

A quem os encontrar ou souber do seu paradeiro, por favor contactar a
Teresa Durães que se encontra profundamente triste com este desaparecimento.

GRATA pela ajuda que possam prestar.