quarta-feira, dezembro 07, 2005

Silêncio...






Silêncio...
Do silêncio faço um grito
E o corpo todo me dói!
Deixai-me chorar um pouco!
De sombra a sombra
Há um Céu...tão recolhido...
De sombra a sombra
Já lhe perdi o sentido...
Ao Céu!
Aqui me falta a Luz!
Aqui me falta uma estrela!
Chora-se mais
Quando se vive atrás dela.
E eu...
A quem o Céu esqueceu
Sou a que o mundo perdeu.
Só choro agora...
Que, quem morre, já não chora!

Solidão
Que nem mesmo essa é inteira...
Há sempre uma companheira
Uma profunda amargura!
Ai solidão!
Quem fora escorpião!
Ai solidão...
E se mordera a cabeça!
Adeus...
Já fui para além da vida!
Do que já fui tenho sede!
Sou sombra triste
Encostada a uma parede!
Adeus...
Vida, que tanto duras!
Vem, morte que tanto tardas!
Ai...como dói
A solidão quase loucura!



( "O grito" Poema de Amália Rodrigues)

11 comentários:

Mahína disse...

Que bela poesia! Quase a imaginei como música... e de um grupo aí da sua terra: Madreceus. Conhece? Gosto muito deles.
Um grande abraço aqui do Brasil!

Anónimo disse...

Peço desculpa, mas não consigo ouvir a Amália com esta voz. Ela sabia-o e diz-no-lo no poema (é tão frágil a nossa condição humana). Anima-me muito mais ouvi-la nas gravações antigas quando canta "Foi Deus [...] e ai, deu-me esta voz a mim". Cumpts.

Anónimo disse...

Olá

Poesia / música maravilhosa, singela com palavras majestosas que elevam a alma.
Adoro ouvir o sotaque lusitano.

Gostei do seu blog =]

Voltarei mais vezes =]

:*

Anónimo disse...

Beeeeeem...LINDO!

Um Beijinho GRANDE :-)

Manolo Heredia disse...

Deste gostei. Mas porque não diz você o que pensa? só diz o que sente?

João Fialho disse...

Olá menina_marota.

Voltei mais uma vez, pois estava com saudades do ar que por aqui se respira.

Vou dar uma voltinha e ler o que nos deixou.

Saúde ...

Elipse disse...

Também te desejo um bom feriado.

Amaral disse...

"Ao Céu! Aqui me falta a Luz! Aqui me falta uma estrela!" - não são palavras escolhidas ao acaso para um fado ser cantado.
Amália era um Ser especial, uma Luz que vem à terra a espaços, uma alma escolhida para marcar um país, gerações…
"Adeus... Já fui para além da vida!" - uma consciência desperta para Quem Realmente Era, nesta vida terrena passageira. Amália tinha momentos que lhe davam a certeza da sua imortalidade!

Unknown disse...

Querida amiga!
Hoje eh dia de festa la em casa outra vez... gostaria de poder contar com tua presenca tao querida, para comer um pedacinho de bolo comigo... :o)
Muitos beijinhos para ti!

Silêncios disse...

Só espero que esta escolha reflicta apenas o gosto pelo fado e po Amália, e não o que se passa dentro desse coração...
Fica um beijo

Manel do Montado disse...

Já me tombaste; poemas da Amália e musica do meu patrício, ainda por cima a Ternura dos Quarenta.
Dá-me saudades do meu Alentejo e recorda-me a Bósnia, coisas do envelhecimento.
Na Bósnia costumava cantar baixinho “Onde o sol castiga mais”.
Beijo de bom feriado cheio de Paz.